Capítulo 7 - Isso é um adeus
Brendan percebeu, que Deirdre falava sobre o pedido de assumir o crime de Charlene. Mas, nem assim, ele acreditava que a mulher tinha a intenção de sair de sua vida. Como ele poderia acreditar nisso, quando ela tinha a tenacidade e a devoção de um cachorro apaixonado por seu dono? Ela não iria embora, não importa o quão mal ele a tratasse e a criança que ela carregava apenas a encorajaria a assombrá-lo ainda mais.

Seu tom era visivelmente mais suave do que o normal, no entanto. Afinal, ele ainda precisava que ela assumisse um crime:

― Olha, acalme-se. Agora que você concordou, vou cumprir minha parte no trato e garantir que a pena seja curta. Você vai cumprir pena, por uns cinco meses, enquanto encontro uma maneira de libertá-la. Quanto à sua mãe? Eu garanto a você, vou cuidar dela, da melhor maneira possível. ―

Por muito tempo, houve apenas silêncio do outro lado. Brendan não era conhecido por sua paciência, então, ter falado tanto com Deirdre, provavelmente, tinha sido o limite máximo de sua boa vontade.

― Agora vá para uma delegacia e assuma o crime ― Brendan acrescentou apressadamente, quebrando o silêncio ― se não for me falar mais nada, desligue. Estou no meio de uma reunião. ―

― Brendan ― seu nome soava misterioso, como se a própria palavra causasse agonia à mulher. Então, ela suspirou e concluiu ― isso é um adeus. ―

Brendan congelou. Enquanto pensava no que dizer, entrando em sua empresa, a ligação foi encerrada.

Ele franziu a testa. Ele podia ouvir na voz da mulher, uma determinação mórbida e isso causou um sentimento estranho. O que aquilo significava? Que ela iria embora para sempre, só porque ficaria presa por um tempo?

“Sim, sim. Tá bom” Brendan pensou, sarcástico. Afinal, ela era a mesma idiota que havia ficado a seu lado por dois anos, fingindo ser outra mulher e sem nenhuma conexão emocional. Ela era tão devotada que perdeu até a vontade de reclamar ou protestar! Fazer aquela mesma mulher desistir dele era impossível! Mas, infelizmente, isso tinha que acontecer. Sumir com Deirdre seria um grande alívio.

― Senhor Brighthall? ― Steven falou, para lembrá-lo de sua reunião em andamento. Brendan aproveitou a deixa para descartar essa inesperada onda emocional e voltar para a sala de conferências.

Deirdre chamou um taxi e foi até a delegacia, assim que a ligação terminou. Decidida, a mulher subiu a escadaria externa, cruzou as portas e chegou ao balcão de atendimento, onde disse, decidida:

― Meu nome é Charlene McKinney e estou aqui para relatar um atropelamento. Fui eu quem matou a vítima. Eu estava com medo das consequências, então eu fugi. Mas agora, recuperei o juízo e estou pronta para cumprir minha pena. Eu me declaro culpada. ―

Não havia vida em seu olhar oco quando levantou as mãos, em sinal de rendição. Mas, para seu azar, ela tinha escolhido, para se entregar, a mesma delegacia em que os familiares da pessoa morta faziam plantão, pressionando a polícia para que encontrasse um culpado. Assim que ela confessou o crime, antes que os policiais pudessem interceder, os familiares da vítima caíram sobre ela, desferindo socos e pontapés. Deirdre foi espancada e, a melhor defesa que conseguiu, foi proteger a barriga com as mãos, esperando que nada de mal acontecesse à criança.

O tumulto só parou depois que os policiais entraram em ação. Os meios de comunicação publicaram a história e a cidade se agitou em resposta. Deirdre foi presa em meio ao furor.

No final de um corredor estreito e úmido, um portão de ferro se abriu e o carcereiro empurrou Deirdre. Andando rápido, a dupla seguiu por um túnel, onde havia portas, à direita e à esquerda e outras detentas aguardavam, em suas celas. Elas eram figuras grandes e imponentes e lançavam olhares feios e cheios de malícia.

A porta rangeu e fechou. As internas cercaram Deirdre, forçando-a a um canto. ― Então este é nossa nova assassina, hein? Que piada. Pensei que ela, pelo menos, teria carinha de anjo, sabe? Mas acabamos com mais uma vadia de cara feia! Não é de admirar que o Senhor Brighthall tenha ficado enojado! ―

Deirdre entrou em pânico:

― Brighthall? Como assim? Quem são vocês? O que você está tentando fazer?! Eu vou chamar os guardas! ―

Alguém estendeu a mão, agarrou seu cabelo e bateu sua cabeça contra a parede, repetidas vezes, em um aperto do qual Deirdre não conseguia se libertar. Manchas pretas encheram sua visão.

― Ei, nem chegou e já quer ser dedo-dura? Nós vamos te colocar na linha, vadia! ― a mulher que parecia ser a líder do grupo vociferou ― vá em frente, chame os guardas, eu te desafio. Você pode até contar para Deus se quiser, mas querida, nem mesmo Ele pode te salvar. Aqui, você é apenas uma vadia. Nossa vadia. Fique de quatro e comece a latir! ―

O resto do grupo começou a rir.

Deirdre mordeu o lábio e pensou em começar a se defender:

― Eu... ―

Ela nem tinha começado a frase quando sentiu um chute na parte de trás dos joelhos. Suas pernas fraquejaram e ela caiu para a frente. Então, as internas prenderam a cabeça dela no chão. Toda vez em que se levantava, era derrubada novamente. Por isso, teve que ficar de quatro, pelo resto do dia.

A noite também não ofereceu consolo. As detentas não a deixaram dormir na cama e ela teve que se deitar no chão. Deirdre tentou obter a ajuda dos guardas, mas seus apelos eram ignorados. Tudo o que recebeu em troca, foi uma escalada de violência e bullying.

Seu estado mental se deteriorou e seu rosto estava permanentemente cheio de lágrimas e manchas roxas. As únicas coisas que a ancoravam na vida eram a criança em sua barriga e a promessa que Brendan havia feito. Cinco meses, ele havia dito. Ela ficaria lá por apenas cinco meses e, quando esse tempo acabasse, ela deixaria a cidade, com a mãe, e nunca mais voltaria.

Deirdre passava o tempo contando os dias.

Um dia, como de costume, ela se retirou para o seu canto e conversou com a criança dentro dela. Mas, suas companheiras de cela entraram, a encarando com perplexidade:

― Você está grávida? ―
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