Ele estava fazendo um estágio, e uma garota de quinze anos sorridente apareceu no seu carro. Ela havia fugido e vindo até ele, depois de avisar o amigo e o pai ele a levou pra comer.
-Lipe, eu queria ficar aqui... -Você é maluca? você tem que ficar com sua família... você bebeu alguma coisa? -ele sentiu um cheiro diferente, mas não era álcool, era doce. -Mas e você? você... -sou só o amigo de seu irmão... - ele percebeu que pegou pesado-e seu conhecido. -Mas eu te amo .. eu queria... - ele a afastou com as duas mãos, antes que ela conseguisse chegar mais perto. Apesar daquele cheiro doce o deixar mais interessado. -Você tem quinze anos, agora você não vai entender nada que eu falar ou fazer, mas em breve.. vai superar.. e vai entender que isso é uma ilusão de criança.. - ela apenas o olhou com uma lágrima correndo pelo se rosto, ela não tentou mais tocar nele, ela não quis mais falar com ele, e ela não olhou mais pra ele. A garota voltou pra casa sem birras, ele percebeu que estava com vergonha, ela não quis nem o abraço dele de despedida e nem quis que ele a acompanhasse até o portão de embarque, e ele sabia que agora ela o veria diferente, e aquele cheiro estava sumindo. E realmente ela o via diferente,, um ano e alguns meses depois no casamento de Samuel ela apenas o cumprimentou, quando falaram de foto dos amigos, ela deixou eles dois sozinhos, ele a chamou pra dançar mas foi educada na recusa e saiu de fininho. Aos dezoito anos dela, Samuel ligou e falou que ela estava namorando, e algum tempo depois de alguns meses recebeu outra ligação pra falar da gravidez e do casamento dela, e ele viu fotos de uma bela mulher em um vestido de noiva simples, com um sorriso forçado e um semblante de preocupação. Ele viu ela se tornar mãe por fotos, e se formar, mas não tinha mais convites pra chegar perto dela e ela nunca vinha a jantares que Samuel fazia quando ele vinha ao país. Agora ali com uma cerveja, um bolo e um tapa psíquico ele não sabia como levantar pra ir pra casa com sua vergonha. Ela estava bêbada, mas ainda era bem responsável, estava chamando um táxi. -Vamos me dá a chave que te levo. Ele a ajudou a entrar em casa, estava tudo diferente, realmente ela deve ter trabalhado muito nas férias. Ela mudou todos os móveis da sala de lugar e pintou as paredes, estava muito mais a sua cara. -Desculpa Samantha, prometo que vou ser mais seu amigo.... e ... vou.... -Xiuuu... - Ela o beijou, foi de surpresa e ele escorregou e caiu no sofá, com ela em cima dele. -xiu... no meu delírio você tem que ser diferente... Ela o beijou, ele a beijou, eles se beijaram. Depois que ela o deixou sem ar, sem falas e sem a ação, ela levantou com um sorriso maroto, fez um tchau com uma das mãos e foi em direção ao seu quarto e com um sorriso maravilhoso nos lábios fez mais um tchau com a mão esquerda e um coração com a direita e fechou a porta. E ele ficou pensando o que havia acabado de acontecer. Como se uma bomba tivesse o atingido em cheio. Depois de ter certeza que ela estava bem, pegou um táxi e foi pra casa, porque se ela aparecesse de camisola ele teria zero competência em se controlar. Aquela noite foi longa, cheia de visões e de desejos, e agora o que ele faria? Os dois se encontraram no elevador do escritório, ela estava radiante, e ele sabia que estava péssimo, não dormiu nada naquela noite. Sua cabeça ficou viajando nos e se... para um certo beijo de whisky em um sofá bege super confortável. Ela não falou nada, será que ela pensava que havia sonhado? Ele acabou sorrindo por dentro, ela estava disfarçando ele tinha certeza, então também a incomodava o que aconteceu, assim como o incomodava também. Quando chegaram ao corredor em frente a sala dele, ela olhou para os lados e entrou com ele. -Felipe, eu vi os vídeos dos corredores do prédio... -Viu é...tão tudo bem... importante é que você chegou bem em casa... -Sim, me desculpa, não vou mais ter que fazer você de babá. E se eu fiz algo inapropriado por favor me perdoe. Ela saiu e foi pro seu escritório, mais uma vez ele ficou pensando nela e demorou pra poder se concentrar em outra coisa. Ele olhava às vezes para o escritório dela, ela estava absorta em documentos de um caso novo, ela tinha o costume de tirar os sapatos de salto e massagear um pé com o outro, e às vezes procurava a caneta que estava na sua orelha, nessas horas ele ria, na verdade ele sabia que parecia um adolescente espiando um crush, mas não conseguia evitar. O que ele faria? Fugiria dela ainda? Ela deixou bem claro que ele era um idiota por isso, mas ele não queria se aproximar dela apenas por uma atração de momento. O que ele faria? Ela calçou os sapatos e foi até a recepção, voltou com uma cesta de flores. ela deixou no centro de sua mesinha de sala, pegou a bolsa, fez um tchau e saiu, era hora do almoço. Antes que pudesse se dar conta, estava na sala dela com o cartão nas mãos. "Sami, fiquei sabendo da sua perda, mesmo aqui da Itália, quero que você se sinta abraçada, lembra da minha promessa? Daqui um mês estou de volta. Com todo meu amor. T." Um pêsame, uma declaração e uma promessa. Quem era T, quando percebeu um movimento se escondeu atrás de uma poltrona, acabou gargalhando com sua atitude infantil, mas afinal de contas aquilo era estranho. Ele saiu de fininho antes que alguém o visse lá, se sentiu um adolescente bocó naquela hora, teve que sorrir de si mesmo. O que ele estava pensando?