A reunião foi péssima, ele só pensava no perfume e no pescoço dela. Ela apresentou todas as evoluções dos casos, e a agenda detalhada para as próximas semanas, realmente estaria ocupada, então ele ficaria longe dela e essas ideias iriam embora.
Samantha foi embora com um simples tchau, aquela tampinha era sem coração mesmo. Ele se afundou em contratos e direitos de imagens. Ele a evitou de todas as formas, ele não queria ter ideias erradas, nem sonhos como nas últimas noites, onde a menina banguela tampinha se transformava em uma mulher, com o pescoço mais atraente do mundo. Assim por dias ele apenas a olhou de longe, ela era esforçada, se dividia entre o trabalho, o hospital e o filho que estava indo pra faculdade no próximo ano. Ele a viu correr pra chegar no escritório, correr pra sair dele e comer marmitas em almoços rápidos. Ela sempre estava sorrindo, sempre estava disponível a todos, e sempre estava em seus pensamentos. -Samantha, você pode me acompanhar hoje em uma reunião comercial? -Posso sim, você vai falar do novo contrato da firma de marketing né? -Sim, isso, você sabe que eles querem uma nova imagem para o escritório, você tem uns projetos sociais interessantes. - ok, só me enviar onde é, que estarei lá. Ela saiu, ele sabia que era errado usar essa desculpa pra fazer ela lembrar que ele estava lá, na verdade ele já tinha o projeto certo, mas ela não precisava saber que ele usaria isso pra chegar mais perto dela. Por enquanto bastava estar perto dela e discutir sobre projetos. Eles conversavam sobre projetos, as vezes ela pedia pra ele ajudar o irmão a desencalhar, mas ele sabia que no fim ela já estava recrutando garotas pra sair com ele. E ele não era santo saiu com algumas nesses meses que passaram. Eles participaram de uma reunião, e ao sair Samuel e Heitor(filho de Samantha) estavam a esperando. Os dois choraram antes, ele sabia identificar um rosto que chorou. Eles foram ao escritório dela, conversaram a porta fechada, e enquanto ela pegou as bolsas e mandou um e-mail de ausência Samuel contou que desligaram os aparelhos. Eles dois escutaram a mulher sorrisos chorar por alguns minutos, antes de sair com um sorriso de vai ficar tudo bem pro filho. "Eu espero que todos possam encontrar um grande amor, e que possam vivenciar de forma plena e sem poréns como foi o nosso amor...eu acredito que nosso ciclo teve início meio e fim, E apesar de ser poucos capitulos... a nossa história foi completa e magnífica, descansa em paz meu amor." O discurso dela não saia de sua cabeça, ela não saia, ele mandou flores, frutas e depois de duas semanas foi ver ela. Samuel estava tomando uma cerveja no sofá. -Tá morando aqui? -Sim, eu Melany e Noah, decidimos que só vamos embora quando eles dois estiverem bem. -E onde eles estão? -Heitor e Noah foram dar uma volta e comprar pizza. -Ela.. -Acabou de dormir. - Melany era uma mulher linda, era enfermeira, o amigo era casado com ela a quase 20 anos. - quer ver ela Felipe? Sem poder falar que não, ele e Samuel estavam na porta de seu quarto e olhavam para uma mulher pálida, que parecia estar em um sonho calmo e feliz. Isso foi um consolo pra ele pois ela era daquelas mulheres que superaram e seguiam em frente. Ela tirou uma licença de dez dias e depois tirou férias, ela foi resolver as coisas da faculdade de Heitor e Noah, os dois pareciam gêmeos as vezes, Samuel mandava fotos deles, os dois garotos felizes, com toda uma vida pela frente. Depois ela ficou uns dias em um resort pra descansar com duas amigas de infância. Ela era tao amada, procurada e cuidada que ele tinha um pouco de raiva, pois assim todas as vezes que ele tentou se aproximar tinha alguém. Mas por outro lado, como ele se aproximaria dela? Era a tampinha, a irmã bebê de seu melhor amigo, a menina que ele limpou arranhões e deu chocolates escondido, e agora como ele poderia ter esse desejo súbito de beijar o seu pescoço? Naquela noite ele saiu com uma ex colega de faculdade, pra tentar salvar sua mente e não ser precipitado, era o melhor, até então ele nunca ficou com uma mulher por mais de um mês. Quando ela retornou, estava diferente, havia cortado o cabelo, estava mais leve e mais calma. Ela ganhou flores, bolo, sorrisos e abraços. Quando foi a sua vez de abraçar ela ele resolveu só dar um tapinha nas costas, mais a distância. Ela sorriu pra ele e depois voltou a conversar com o pessoal. "Felipe, ela tá estranha, ela voltou diferente, expulsou a gente da casa dela, e disse que devíamos viver a vida, se ela parecer maluca me avisa". Ele sorriu pro telefone, ela estava diferente, mas ela estava melhor. Durante a reunião eles viram alguns projetos, ela não quis ficar com casos grandes, todos respeitaram, e quando ela demonstrou interesse no projeto social pro abono ele então pediu se outro advogado queria ficar em seu lugar pra acompanhar ela, mas todos já estavam ocupados. Ela ainda almoçava em seu escritório, mas agora ela fazia tudo com calma. Ela ainda chegava cedo, mas vinha sempre bem arrumada, maquiada e perfumada, e quando saia tarde, suas amigas a buscavam. Ele viu mais uma fase dela... criança, adolescente, mulher e mãe, e essa não sabia qual era exatamente. Ele estava tomando uma cerveja, seu encontro tinha dado um bolo nele. De repente ela sentou do seu lado, estava um pouco feliz demais. -O que você bebeu? -Ora, deixa de ser chato, já tenho 36 anos tá, humm... Será que chove? você tá falando comigo de livre vontade? -Do quê você? -Sabe.. não sei porque você tá fugindo de mim como o diabo da cruz, mas tenho que te falar... não tenho mais quinze anos... eu te superei. Ela saiu e deixou ele com sua vergonha e uma lembrança.