Cap 5

Verão de 2019

Bia, Isa e eu marcamos uma tarde no shopping. Faríamos

compras, iríamos almoçar por lá e também marcamos manicure.

― É bom de vez em quando ter uma tarde com amigas,

né, Iara? Agora você só tem tempo para o namorado ― falou Bia,

enquanto olhava uma calça jeans rasgada.

Peguei uma blusinha azul com a alça bordada e pus na

minha frente, olhando no espelho.

― Se você desse uma chance para um dos seus fãs,

saberia como é bom.

― Eu sei que é, mas eu não tenho a mesma sorte que

você.

― Você escolhe demais.

Percebi que a Isa estava muito quieta. Achei que ela

queria contar alguma coisa, mas a Bia não dava brecha.

― Vamos para a praça, estou com fome.

Quando nos sentamos com as nossas bandejas da Subway,

olhei meu celular. Havia uma mensagem do Lucas dizendo que

me amava. Respondi dizendo que também o amava e enviei um

emoji de beijos com coração.

― Então, Isa, diga o que está te incomodando. Você está

muito quieta ― perguntei.

Ela deu uma mordida no lanche, tomou o suco, e fizemos

o mesmo.

― Tenho uma novidade, não muito boa, mas é uma coisa

que eu queria muito.

Ficamos em expectativa. Sabíamos que ela estava fazendo

curso de inglês e espanhol há dois anos e fazendo o curso de

aeromoça.

― Consegui um emprego na empresa aérea em que minha

madrinha trabalha. Vou fazer voos internacionais. Não é

assustador?

― Como assim? Você acabou de fazer 18 anos.

― É maravilhoso!

Falamos ao mesmo tempo, e fomos para cima dela para

abraçá-la.

― Eu estou muito feliz e assustada. É a realização de um

sonho, mas achei que iria começar aqui, né!?

― O importante é começar! Eu também tenho uma

novidade ― falou Bia. ― Estava esperando o momento. Fechei

com uma agência. Vou começar a fazer fotos e desfiles ―

declarou ela, batendo palmas.

Nós a acompanhamos, gritando vivas, e pulamos para

abraçarmos umas às outras.

Fiquei ali, analisando minhas amigas: uma loira linda em

um vestido florido lilás, de tiara no cabelo e rasteira nos pés, a

outra morena, deslumbrante, de saia jeans, sapatilha, blusinha

preta, cabelos meio soltos, meio presos. Acabamos de fazer 18 e

nossa vida estava mudando de capítulo. A minha nem tanto, pois

ainda tinha a faculdade toda pela frente, mas desde o início do

ensino médio eu trabalhava na minha área, tinha um lindo

namorado, e estava tudo perfeitamente encaminhado. Eu estava

entrando na vida adulta.

Depois do almoço, fui para casa. Quando cheguei, vi meu

pai deitado no tapete jogando videogame; ele sempre jogava jogos

de luta quando ficava estressado.

― Dia ruim? ― perguntei.

― Complicado é o termo certo ― respondeu.

― O.k., vou tomar banho e estudar...

Entrei no quarto, fiz carinho na Lúcia, que ronronou, e me

deitei ao lado dela. No celular, eu havia recebido um áudio do

Lucas.

“Oi, gata, como está a tarde? Estou com saudade, mas

tenho uma ideia para amanhã, o que acha de irmos à praia?

Vamos descer a serra de moto e dormimos em um hotel.’’

Considerei não ir, mas ficar em casa num sábado de verão

não seria legal. Aceitei seu convite e perguntei que horas ele

passaria para me pegar. Fiquei com receio da resposta, pois eu não

era muito matutina nos finais de semana. Ele disse que seria cedo,

por volta das 7h. Fiz cara feia, mas concordei, e comecei a

arrumar a mochila, colocando dentro um biquíni, uma lingerie

extra, um calção, camiseta e uma canga.

No dia seguinte, ele chegou e subiu. Lucas também

carregava consigo uma mochila, que era maior que a minha, então

não havia sentido levarmos duas. Coloquei minhas coisas na dele,

e entrei no quarto dos meus pais para me despedir.

― Pai, mãe, estamos indo, o.k.? Amanhã estou de volta.

― Só um minuto, vamos nos despedir ― respondeu

minha mãe, se levantando.

Em dois minutos, estavam os dois na sala, de roupão.

― Vão de moto para a praia? ― perguntou meu pai.

― Sim, senhor. Eu vi a previsão do tempo e não vamos

viajar de noite. Vamos pela 277, onde a estrada é melhor e menos

movimentada ― garantiu Lucas.

Minha mãe balançou a cabeça.

― Tomaram café? Não vão viajar com fome, né?

― Tomei suco que a Ester já tinha preparado ― garanti.

― E nós vamos parar em um café colonial. Vamos indo?

― completou Lucas.

Nos despedimos.

Lucas tinha uma Twister 250 preta, com detalhes em

vermelho, que ganhou quando completou 18 anos, depois de tirar

a carteira. Era um sonho dele descer a serra com ela.

O dia estava perfeito: céu azul, e como não era feriado

nem temporada, a estrada estava vazia. Paramos para tirar

algumas fotos no meio da serra. Não saímos da moto, só

erguemos o capacete e eu fiquei de pé, abraçando-o. A foto ficou

linda! Andamos um pouco mais e paramos no café. Não estava

tão cheio, e a comida era muito boa. Comemos sem pressa,

apreciando o movimento e curtindo o ambiente.

― Nós ficamos do lado de cá ou vamos até a balsa e

aumentamos a viagem até alguma praia de Santa Catarina? ―

perguntou Lucas, antes de voltarmos para a estrada.

― Vamos para Guaratuba. Lá tem um hotel com piscina

térmica deliciosa...

― Com esse sol, você pensa em piscina térmica?

― Você acha que eu gosto de água fria? ― Ergui a

sobrancelha.

Lucas riu e me beijou. Logo em seguida, abaixou meu

capacete, e prendeu minha presilha.

Quando chegamos ao porto, ele pagou o guichê e pegou o

ticket. Avançamos até a balsa, que demorou cerca de 15 minutos

para chegar. A embarcação tinha dois andares e era enorme.

Estacionamos a moto, descemos, ele pegou a mochila das minhas

costas e subimos até o segundo andar para apreciar a vista. Havia

várias pessoas lá: jovens, idosos, famílias inteiras, além de

vendedores de água e refrigerante. As pessoas também estavam

fazendo fotos e filmagens. Nos posicionamos para uma selfie, nós

dois próximos, e também tiramos uma foto nos beijando, além de

uma 360o graus com ele me mandando um beijo.

― Você escolheu o final de semana perfeito. Estou

amando. Olha esse mar azul e calmo! ― falei, me sentindo uma

menina.

Ele me olhou com adoração, me deu um beijo e tirou uma

foto minha.

― Você está linda toda encantada.

Quando vimos que estávamos chegando ao outro lado,

descemos, colocamos os capacetes, ele ligou a moto e ficamos

aguardando. A balsa aportou e saímos devagar, até pegar a rua.

Ele acelerou e seguimos até o nosso destino.

No hotel, ele fez o check-in e pegamos a chave do quarto.

Subimos as escadas e seguimos pelo corredor até a nossa porta. O

quarto tinha vista para o mar.

― Não lembrava que era tão lindo. Vim há uns anos com

a Bia, a Isa e os pais dela. Acho que tínhamos uns 12 anos e só

ficamos nas piscinas.

― É que você não sabia as maravilhas que era ter um bom

quarto, com uma cama tão grande ― falou, me abraçando e me

jogando na cama.

Depois de estrearmos a cama, vesti o biquíni, junto com o

calção e a camiseta regata que trouxe. Lucas colocou um calção

de surfista e uma regata, que deixava à mostra a tatuagem que ele

fez aos 16 anos, nas costas, próximo ao ombro esquerdo.

Aproximei-me por trás e contornei o traço da tatuagem,

uma árvore dentro do círculo, onde os galhos se encontravam com

as raízes.

― O que a sua tattoo quer dizer?

Ele se virou e me envolveu em um abraço.

― É a Yggdrasil. Nunca leu nada sobre a árvore da vida?

― Fiz que não com a cabeça, e ele me explicou: ― Em várias

culturas ela é usada como símbolo de força e resiliência. Na

cultura nórdica, ela liga os homens aos deuses. Nas raízes, ficam

três nornas fiandeiras que tecem o destino de todos e, a qualquer

momento, elas podem cortar ou redirecionar nossas vidas.

― Nossa, eu achei que você só lia HQs ― falei, tirando

sarro, pois ele me encantava a cada dia.

Ele me abraçou pela cintura e me levou para a porta.

― O seu gato é cultura também ― rimos, e fomos para a

piscina.

Eu ainda não estava pensando em tomar nem sol nem

entrar na piscina, então decidimos colocar os tênis e pegar a moto

para dar uma volta pela cidade. Fomos à região central e nos

sentamos para comer à beira-mar. Visitamos o principal ponto

turístico, tiramos algumas fotos e ficamos por ali, aproveitando o

dia.

Quando voltamos ao hotel, resolvemos pegar nossas

coisas e ir à praia. A água estava perfeita, com o mar calmo.

Ficamos lá até cansar, e depois seguimos para a piscina, que

estava vazia, então pudemos aproveitar tanto a normal quanto a

térmica. Quando a fome bateu, tomamos banho e pedimos

comida. Aquela noite foi a primeira vez que dormimos juntos e, a

partir dali, nossos pais passaram a permitir que eu dormisse na

casa dele e ele na minha.

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