Eu o observei naquela condição, porém meu coração permanecia como águas estagnadas de um açude, desprovido de qualquer ondulação emocional.
Se ainda me restasse a oportunidade de responder às suas mensagens, escreveria com gélida indiferença: [Na próxima vida, não quero te ver de novo.]
Talvez a saída de Violeta, ou meu silêncio, tivesse tocado alguma fibra sensível em Luciano.
Num ímpeto, ele se ergueu, entrou no carro e rumou diretamente ao necrotério.
Dentro da câmara mortuária, o médico-legista preparava meticulosamente meus restos mortais para o velório.
Ao lado, minha mãe e Manuela permaneciam, com lágrimas descendo silenciosamente por suas caras, seus soluços represados e carregados de sofrimento.
Quando Luciano irrompeu pela sala, seu olhar se fixou instantaneamente em meu corpo inerte.
Tentou se aproximar, mas foi barrado por um guarda, que declarou com seriedade:
— Somente parentes podem se achegar ao defunto.
Os olhos de Luciano marejaram, e sua voz quase escapou ao control