A nossa viagem até o parque de balões foi silenciosa. Victor segurava minha mão dentro da sua, quente e firme, enquanto falava sobre as comemorações de aniversário que tinha planejado para mim.
— Eu reservei vários vestidos customizados dos modelos mais novos. Você pode usar qualquer um deles no seu aniversário. — Disse ele.
Ele fez uma pausa, sua voz tornando-se ainda mais suave.
— Quando tudo isso se acalmar, vamos tentar ter um bebê também, sim? Você sempre gostou de crianças. — Mencionou.
Eu apenas o ouvi em silêncio, olhando pela janela do carro para a paisagem lá fora.
Ele ainda não sabia que já tínhamos tido um filho uma vez; mas aquele anjinho nos deixou para sempre por causa das ordens que ele mesmo deu.
Não muito depois que o carro saiu da propriedade, o telefone dele começou a tocar.
Ele falou algo baixo ao atender, depois se virou para mim exibindo uma expressão indulgente.
— Surgiu um problema com a carga no porto. Eu preciso cuidar disso pessoalmente. — Disse ele.
Assenti e respondi com calma:
— Vá. Os assuntos da família são mais importantes. — Falei.
Ele hesitou, como se quisesse explicar algo.
— Zoe, eu…
— Está tudo bem, vá. — Respondi com um sorriso. — Vou esperar você no parque de balões. Você prometeu que assistiria ao nascer do sol comigo.
Quando cheguei ao parque de balões sozinha, liguei meu celular e vi que Summer tinha atualizado suas redes sociais.
Ela estava sentada num banco do hospital, frágil e abatida. A legenda dizia:
“Hoje foi assustador, mas graças a Deus o bebê está bem! Sou tão grata por alguém ter deixado tudo para ficar ao meu lado.”
A pessoa ao lado dela estava um pouco desfocada, mas eu o reconheci na mesma hora. Era Victor.
Disquei o número dele. Depois de várias chamadas, quem atendeu foi Summer.
— Alô, Zoe? Está procurando o Victor? Pare de incomodar! Ele está perguntando ao médico sobre meu estado! — Disse ela com um tom cheio de orgulho.
— Você não faz ideia do quanto ele se preocupa comigo. Uma vez, eu tropecei sozinha em casa, mas liguei para ele chorando e disse que tinha sido atacada. Ele enviou todos os homens para me salvar em dez minutos! Você nunca vai conseguir competir comigo! — Num tom beligerante, a Summer me contou.
Ela caiu na risada, mas eu senti um frio que me alcançou até os ossos.
Eu sabia exatamente de qual noite ela estava falando. Foi na noite em que eu perdi meu bebê.
A causa daquela tragédia tinha sido apenas uma mentira dela — dita por capricho.
Encerrei a ligação com a mão trêmula e olhei para o céu. Esperei a noite inteira até que a madrugada chegasse, mas o Victor não apareceu.
Entrei no cesto do balão e disse ao soldado responsável:
— Leve-me para o céu.
— Senhora, não deveria esperar alguém para acompanhá-la? — Hesitante, ele perguntou.
— Não é necessário esperar mais. Vou sozinha. Você não precisa vir comigo. Eu sei pilotar o balão. — Respondi suavemente.
Ele abriu a boca como se fosse dizer algo, mas lembrou-se de quem eu era e apenas concordou.
O balão subiu devagar para o céu. Apoiei-me na borda do cesto, olhando para a cidade silenciosa lá embaixo, vazia, distante.
As palavras doces dele, sua companhia, suas promessas… Essas memórias passaram pela minha mente, mas já não me tocavam.
Pareciam ridiculamente pequenas, comparadas às palavras em vermelho brilhante no arquivo de Summer: prioridade máxima de proteção.
Quando o primeiro raio do sol iluminou o céu, liguei para ele pela última vez.
Desta vez, o celular dele estava simplesmente desligado.
Olhei então para o e-mail programado para ser enviado a ele. Havia três anexos.
O primeiro era a foto do arquivo secreto sobre Summer.
O segundo era meu laudo médico, provando que eu perdi o bebê porque não fui socorrida a tempo.
O terceiro era uma gravação de Summer confessando que seu “ataque” não passara de uma mentira.
Quando tudo estava pronto, olhei para o céu pela última vez e tirei a arma que eu carregava dentro do casaco.
Bang! Disparei contra o balão sem um único segundo de hesitação.
Ao mesmo tempo, Victor estava prestes a sair do hospital.
— Victor, eu ainda preciso de você… — Disse Summer, fazendo bico e tentando segurá-lo.
— Não, eu tenho que ir agora. — Victor balançou a cabeça ao falar com firmeza. — Hoje é o aniversário de Zoe. Eu prometi assistir ao nascer do sol com ela.
Nesse instante, um soldado correu em sua direção, desesperado.
— Chefe, é terrível! Sua esposa explodiu o balão em que estava e… ela se matou!