Lívia se levantou da cadeira, esticando as costas com as mãos apoiadas na lombar, tentando aliviar a tensão de ficar tanto tempo sentada. Mantivera-se ocupada desde cedo atendendo a clientes sem nem mesmo parar para almoçar.
A mesa à sua frente estava coberta de pastas, contratos e canetas abertas — um retrato perfeito de quase um dia inteiro de trabalho.
Suspirou, caminhando até a janela. A vista verde agraciava-lhe — o extremo oposto do parque, em direção à casa de Helena. E foi o bastante para o nome dela atravessar-lhe o pensamento como uma brisa morna.
Helena.
Um sorriso pequeno e nostálgico se formou em seus lábios. Um aperto suave no peito acompanhou a lembrança. Devia muito àquela mulher.
Quando a conheceu, anos atrás, Lívia era apenas uma advogada júnior dividindo uma sala abafada com vários colegas em uma firma barulhenta.
Trabalhara como uma louca, movida por ambição e justiça em igual medida, mas o reconhecimento parecia sempre reservado aos homens — os “promissores”, os “