A PARTILHA DOS MUNDOS
Mesmo os animais, antes relegados aos cantos frios da existência humana, agora possuíam seus próprios espaços:
clubes quentinhos, acolhedores, cheirosos, com tapetes macios para quando o planeta resfriava.
Até as feras mais selvagens encontravam harmonia.
Só a leitura permanecia como um território humano — os bichos preferiam ver televisão, rir dos programas dos planetas vizinhos, descobrir novas espécies e comentar sobre elas em seus idiomas particulares.
Mas havia algo unânime entre todas as espécies, da menor flor ao maior animal:
ninguém queria estar só.
O isolamento havia se tornado uma lenda horrível, um fantasma de tempos antigos.
A vida em grupo era o novo instinto.
O calor compartilhado era a nova lei.
E cada nova descoberta fazia o coração de todos pulsar com o doce espanto da alegria.
As vozes eram suaves.
Os sons eram gentis.
Não havia gritos, trovoadas humanas, urros de medo ou raiva.
A comunicação era feita na melodia do respeito.
Até as árv