Os anjos pairavam na vasta sala de observação — um espaço que não tinha teto, paredes ou chão, mas sim camadas de luz consciente que se curveavam como ondas de pensamento divino. Ali, dois telões imensos — estruturas vivas, feitas de memória astral condensada — projetavam simultaneamente os acontecimentos de Arrêt e da Terra, como se fossem dois pulmões do cosmos respirando histórias ao mesmo tempo.
Os anjos assistiam em silêncio, avaliando se as linhas do destino estavam fluindo conforme o Criador havia traçado no novo equilíbrio universal: dois lados, dois territórios, duas vibrações — luz e sombra, cada qual em seu planeta, cada qual em seu quadrante.
O anjo que observava demais
Um dos anjos inclinou a cabeça, curioso, enquanto o telão de Arrêt mostrava os criminosos narrando suas trajetórias aos recém-chegados, revelando os rastros de energia corrompida que deixaram na Terra. Enquanto falavam, cada relato vinha acompanhado de uma música que surgia espontaneamente do campo energétic