Flüchtig era um planeta que não deveria existir — e justamente por isso existia.
Um ponto cego na cartografia do Criador, uma falha luminosa no tecido do infinito, um mundo onde a matéria não obedecia, onde o tempo fugia de si mesmo, onde a vida se formava e desfazia com a mesma facilidade que um pensamento indeciso.
E naquela manhã — se é que “manhã” significa algo no reino onde Satanás habita — Abramalech, o mordomo infernal, aproximou-se com a rigidez silenciosa dos servos que carregam mundos nos ombros.
— Satanás… o Criador deseja sua intervenção no planeta Flüchtig.
O PLANETA FLÜCHTIG E A ENCOMENDA DO CRIADOR
No silêncio denso que antecede grandes obras, o Criador manifestou-se como um farol enterrado no próprio abismo. Sua voz, feita de gravidade primordial, atravessou dimensões e estremeceu as colunas do Inferno.
— Lúcifer… chame o seu pessoal. Há um novo ponto de trabalho.
A estrela 3409198382756 despertou, e dela emergiu um planeta ainda sem nome, recém-s