Ele…
A casa estava mergulhada em silêncio.
O tipo de silêncio que eu conheço bem — aquele que não é paz, mas espera.
Uma pausa densa entre dois gritos, entre duas memórias.
Eu estava no quarto de hóspedes, lendo pela terceira vez a mesma página de um relatório que já nem fazia mais sentido.
Não que o conteúdo fosse complexo demais — o problema era que minha mente não conseguia permanecer no papel. Não com ela dormindo no cômodo ao lado.
Pelo menos, tentando dormir.
Devo confessar, que meu desejo era estar deitado com ela.
Observando.
Sentindo.
Ainda que sem poder toca-la.
Mais ali.
Juntinho.
Quando o grito rasgou a madrugada, eu já estava de pé.
Não foi um som alto.
Foi mais como um suspiro cortado, um soluço sufocado... mas veio dela.
E isso bastou.
Atravessei o corredor em passos rápidos.
A luz da lua cortava o chão de madeira e desenhava formas estranhas.
Bati levemente na porta, mais por pr