Ele…
A gente sabe quando alguém não está bem.
Não é só o olhar distante ou o corpo cansado.
É a forma como a pessoa se encolhe nas próprias palavras.
Como tenta sorrir sem mostrar os dentes.
Como hesitar antes de aceitar um abraço, como se o toque fosse uma faca, não um afago.
E eu... eu conheço esses sinais.
Já vi de perto.
Já vi o que vem depois, quando ninguém faz nada.
Por isso, quando Hayla saiu do hospital e tentou tocar a vida como se estivesse inteira, eu não acreditei.
Eu quis.
Deus, como eu quis acreditar que ela estava lidando bem.
Mas não demorou para perceber que ela estava quebrando por dentro.
Em silêncio.
Ela andava como uma sombra dela mesma.
Evitava contato.
Evitava até o próprio reflexo.
Um dos meus homens — aquele que o pai dela mantinha por perto por precaução — comentou que ela passava horas trancada no quarto.
Que, às vezes, falava sozinha.
Que não dormia.