Ela…
Não consegui me abrir.
A sala era acolhedora.
As paredes pintadas com cores suaves.
A poltrona onde me sentei era macia, envolvente… e ainda assim, eu não conseguia respirar.
A médica — a psiquiatra do hospital do Klaus — era uma mulher de expressão doce, gestos suaves.
Ela tinha os olhos de quem já viu muito do mundo.
Mas nem isso foi suficiente para me fazer atravessar a barreira entre a minha dor e a voz.
Ela tentou.
— Hayla… — disse, com um tom de quem fala com alguém à beira de um abismo.
— Você não precisa colocar tudo em palavras perfeitas. Nem precisa dar nome pra tudo.
Eu fiquei olhando pra ela, calada.
Só o som da minha respiração e o tique-taque do relógio de parede preenchiam o tempo.
— Às vezes, só o gesto de estar aqui já é um grito de socorro. E eu escuto esse grito, mesmo que você não diga nada.
Fechei os olhos, apertando as mãos no colo.
E foi aí que as lágrimas vieram.
Silenciosas.
Se