RAFAELLA MARTINI NARRANDO.
ESCOCIA.
Aquela manhã começou com uma chuva forte e pesada, o tipo de chuva que encharca a alma antes mesmo de tocar a pele. Eu estava acordada desde cedo, sentindo cada gota que batia contra as janelas como se fosse uma batida no meu próprio peito. O céu parecia refletir o meu humor: cinza, sombrio, sem nenhuma esperança de sol.
Eu me movi lentamente, sentindo um peso no corpo que ia além da gravidez. Eram as cólicas, as dores insistentes nas partes íntimas, como se o bebê estivesse lembrando que a sua hora estava chegando. Já faziam três dias que a senhora tinha aparecido no café, e a esperança que ela havia plantado em mim estava começando a murchar. Eu tentava não pensar muito nisso, mas era impossível. Cada vez que a porta do café abria, o meu coração disparava, apenas para cair em um poço de decepção quando não era ela.
Era difícil manter a fachada. Naquela manhã, enquanto abria o café, a tristeza pesava sobre mim como um cobertor molhado. Olhei para