Quando o carro de Ravi se afastou, fiquei alguns segundos parada na calçada, abraçada ao próprio corpo, como se o vento frio de Londres pudesse atravessar meus ossos. O barulho do motor sumiu na rua, e só então eu respirei fundo, tentando organizar os sentimentos que giravam dentro de mim.
Tinha sido… intenso.
O ultrassom, o som do coração do meu bebê, o jeito como Ravi olhou para aquela tela como se o mundo inteiro tivesse parado ali. Por um instante, tudo pareceu certo. Por um instante, eu me senti segura.
Mas o instante passou.
A cada passo em direção ao prédio velho e descascado onde moro, o peso da realidade voltava a cair sobre meus ombros.
Quando subi as escadas estreitas e cheguei ao nosso apartamento, já sentia o estômago embrulhar — e não era só pela gravidez.
Empurrei a porta devagar. A sala estava bagunçada, o sofá com almofadas no chão, a televisão ligada em volume baixo e algumas latas de cerveja espalhadas na mesinha de centro. Um cheiro de cigarro impregnava o ar, mist