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Capítulo 5: A Promessa Envenenada

AVA

O silêncio entre nós era tão denso que chegava a doer.

Sebastian continuava me encarando como se tentasse me desmontar com o olhar. Havia algo diferente nele agora. Uma faísca de reconhecimento, talvez. Ou seria desprezo?

— Você é Ava Moreau? — perguntou, cada palavra carregada de ironia.

Engoli em seco, mas mantive o queixo erguido.

— Sou. E você é o homem que acredita que pode humilhar qualquer um e sair impune.

O canto da boca dele se curvou num meio sorriso, sombrio.

— Só os fracos se sentem humilhados, senhorita Moreau.

Meu pai me olhou, me repreendendo em silêncio.

— Peço desculpas pela atitude da minha filha, Sebastian. Não sei o que deu nela — disse ele.

Meus olhos estavam cravados nos de Sebastian. E os dele, em mim.

Sebastian Pierce. O CEO arrogante. O homem que destruiu meu tio.

— Então é você — murmurou, a voz baixa e grave, como uma constatação amarga. — Não faz sentido.

Aquilo me atingiu como uma lâmina.

— O que exatamente não faz sentido? — perguntei, estreitando os olhos.

Ele deu um passo em minha direção e, por um instante, o ar pareceu rarefeito.

— A ousadia. A língua afiada. O desprezo pelas regras. Me disseram que você era submissa. Isso não combina com a petulante que você é.

— Posso não combinar… mas você combina com tudo o que detesto — retruquei, firme. — Arrogância. Frieza. Poder sem limites e sem moral.

Um canto da boca dele se ergueu, quase em deboche. Antes que Sebastian pudesse responder, meu pai se adiantou.

— Ótimo — disse, como se tivesse encontrado duas peças perfeitas para um jogo macabro. — Vejo que já se conhecem.

— “Conhecer” é uma palavra forte — murmurei, sem tirar os olhos de Sebastian.

— Espero que o primeiro impacto não tenha sido muito… violento — disse meu pai, com um sorriso, olhando para Sebastian como se esperasse cumplicidade.

Sebastian cruzou os braços.

— Diria apenas… revelador.

Meu pai assentiu, satisfeito, e voltou-se para mim.

— Não precisamos adiar mais, então.

— Adiar o quê? — perguntei, sentindo o estômago afundar.

Ele ignorou minha pergunta e encarou Sebastian.

— Como conversamos, o acordo está selado. Você terá tudo o que foi prometido.

— E ela? — Sebastian inclinou levemente a cabeça na minha direção. — Já sabe da parte dela no jogo?

— Estou bem aqui, caso queiram parar de falar de mim como se eu fosse um móvel — disparei, dando um passo à frente.

Meu pai respirou fundo, como se precisasse de paciência para lidar comigo.

— Ava, Sebastian será seu marido. Esse é o acordo.

As palavras caíram como um soco no meu peito.

— O quê? — ri. Um riso curto, nervoso, sem humor. — Isso é uma piada, não é? Diga que é uma piada, pai.

— Você acha que eu brincaria com algo tão importante? — respondeu, sério. — Essa união vai garantir o futuro da nossa família.

— O futuro da nossa família? — repeti, indignada. — Com esse homem?

Sebastian permaneceu impassível. Nem mesmo piscou.

— Ava… — meu pai começou, mas meu olhar cortante para Sebastian o calou.

— Você destruiu a vida do meu tio — disparei, a voz falhando de raiva. — Byron Hastings. Lembra desse nome?

Os olhos de Sebastian cintilaram.

— Lembro. Um homem fraco. Sentimental demais para o mundo dos negócios.

— Ele se matou por sua causa — sussurrei. — E agora você quer me forçar a me casar com ele, pai?

Meu pai respondeu sem hesitar:

— Não é questão de querer. É questão de necessidade. — Sua impaciência era óbvia. — Vamos para casa e conversar sobre isso em família.

Uma risada sem humor escapou dos meus lábios.

— Que família? — perguntei com a voz trêmula.

Meu pai apenas me ignorou.

Senti o mundo girar por um segundo. Meus pés estavam cravados no chão, mas minha mente já corria para longe, tentando encontrar alguma saída. Qualquer saída.

E Sebastian somente me olhava, como se eu fosse mais uma peça num tabuleiro que ele já sabia como vencer.

* * *

O caminho para casa foi tenso.

Um silêncio sufocante.

Serena estava ao meu lado, alheia ao que havia acontecido, com a confusão brilhando nos olhos. Meu pai, no banco da frente, falava ao telefone com alguém da empresa — já retomando os negócios, como se nada tivesse acontecido.

Como se não tivesse acabado de me entregar a um monstro.

A mansão Moreau nos engoliu assim que chegamos. Os portões se fecharam atrás de nós como grades. E por um momento, eu me senti prisioneira da própria vida.

— No escritório. Agora — ordenou meu pai, já tirando o paletó.

Engoli a bile. Caminhei como quem vai para o cadafalso.

A sala era escura, de teto alto, com uma estante que parecia me vigiar com centenas de olhos em forma de lombadas. Assim que entrei, Serena tentou vir atrás, mas ele a impediu.

— Não é assunto para você, Serena. Suba.

— E por que eu deveria simplesmente obedecer a você? — ela rebateu, rebelde.

Somente a encarei, implorando em silêncio. Ela hesitou, mas obedeceu. Assim como eu fizera a vida toda.

Meu pai fechou a porta, o som seco ecoou no peito como um alerta.

— Sente-se — ele disse.

— Prefiro ficar em pé.

Meu pai soltou uma risada baixa.

— Como queira. Vai ser rápido.

— Sei… — murmurei.

— Ava, hoje você me envergonhou. Envergonhou seu noivo. — A voz dele era dura, calculada. — Mas vai se casar com Sebastian. Isso não é uma escolha. É uma obrigação.

— Isso é um castigo. — Meu peito ardia. — Como pode me obrigar a isso? Como pode sequer considerar unir nossa família a um homem que empurrou o tio Byron para a morte?

Ele se aproximou, lento, predador.

— Seu tio era fraco. Fraco demais para suportar as próprias falhas. Pierce apenas fez o que qualquer bom empresário faria: eliminou a peça defeituosa.

Meu estômago revirou.

— Ele se matou devido ao que Sebastian fez! Pela humilhação! E agora você quer me dar de presente para ele?

Meu pai foi até a escrivaninha. Abriu uma gaveta e jogou algo sobre a mesa.

Uma fotografia.

Era eu e Caleb. Rindo, abraçados, em algum evento da empresa.

— Você acha que vai jogar seu futuro fora por causa desse… romancezinho ridículo? — cuspiu as palavras. — Acha que não percebi os olhares, os sorrisos, as desculpas? Você se entregou a alguém que não pode te oferecer nada. Um segurança. Um ninguém.

— Mas amo ele.

— Você não sabe o que é amor — disse, agora com a voz baixa. Mais ameaçadora do que um grito. — Mas vai aprender o que é responsabilidade. Vai se casar com Sebastian. E ponto final.

— Eu não vou! — gritei. — Nunca!

Ele se aproximou, e antes que eu pudesse recuar, sua mão cruzou meu rosto.

A bofetada foi seca. E certeira.

Meu rosto ardeu.

Mas a alma… a alma queimou por dentro.

Fiquei imóvel.

— Sabe por que você não liga para os meus sentimentos? — murmurei, a voz trêmula. — Porque você é como Pierce. Dois monstros. Não sabem amar, só sabem usar as pessoas. Somos todos peças dos seus joguinhos de poder.

Meu pai me encarou com olhos de gelo.

— Se você não se casar com Sebastian, quem vai pagar por isso será sua irmã. E acredite, Ava… sou capaz de qualquer coisa. Qualquer uma.

Um silêncio monstruoso caiu entre nós.

Eu queria gritar. Correr. Quebrar tudo.

Mas não fiz nada.

Apenas encarei o chão, sentindo o gosto de sangue e vergonha na boca.

E ali, naquela sala escura, percebi: eu era um pássaro de asas quebradas e o casamento com Sebastian não era uma escolha.

Era a única forma de impedir que Serena se tornasse o próximo alvo.

Uma prisão de ouro ainda é uma prisão e eu acabava de ser trancada dentro dela.

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