No quarto particular do hospital, o médico já havia tratado os ferimentos de Rafael. Eu estava sentada ao lado da cama, observando o perfil tranquilo dele enquanto dormia. Finalmente, senti meu coração aliviar pela primeira vez desde o ocorrido.
Foi então que alguém bateu suavemente na porta.
Levantei-me para abrir.
Era Antônio.
Ele estava sozinho, parado no corredor, a cabeça baixa. Já não havia nenhum traço do homem confiante e brilhante que eu conhecera um dia.
— Tainá… Nós…Podemos conversar?
Olhei para Rafael adormecido. Fechei a porta atrás de mim e acompanhei Antônio até o corredor.
— Tainá, eu errei. — Ele ergueu o rosto. Os olhos estavam vermelhos, cheios de veias estouradas. — Depois que você foi embora, eu entendi o tamanho do meu erro. A culpa transbordava em cada palavra. Eu me lembrei das noites em que, não importava a hora em que eu voltasse das reuniões regadas a álcool, você sempre me esperava com um chá para me ajudar a acordar. Lembrei que, quando meu estômago estava