Capítulo 8
O grito de Isabella ecoou pelos bastidores.

Os funcionários ficaram paralisados de choque. Alguns começaram a gritar em pânico, outros se atrapalharam, tentando alcançar os celulares para chamar uma ambulância.

Arranquei a faca e me levantei ereta.

— Um Romano sempre paga suas dívidas. — Olhei para Isabella, que se contorcia no chão, agarrando a mão ensanguentada e soluçando. — Lembre-se disso.

Virei-me e caminhei para fora, os sons do caos se desfazendo atrás de mim.

Meus passos eram firmes enquanto seguia em direção à saída, como se nada tivesse acontecido.

Quando alcancei a porta, Vincent bloqueou meu caminho.

Ele segurava um cobertor e uma garrafa térmica, claramente acabara de voltar.

Ao me ver, o rosto de Vincent se fechou completamente.

— O que você fez? — Ele exigiu.

Lancei um olhar para a garrafa em sua mão e soltei um sorriso amargo, sem humor.

— Você foi buscar remédio para ela?

— Eu perguntei o que você fez! — A voz de Vincent saiu mais fria agora, cortante.

— Ela colocou o colar da minha mãe em um cachorro de rua e chamou minha mãe de cadela. — Olhei direto em seus olhos, meu olhar inabalável. — Então eu a esfaqueei.

A expressão de Vincent se congelou.

— O que você disse?

— Você me ouviu. — Apontei para o ouvido dele. — Seus homens já devem ter te reportado tudo.

Vincent usava um discreto ponto eletrônico. Ele já sabia de tudo o que tinha acontecido.

— Mesmo que ela tenha colocado o colar em um cachorro, você não tem o direito de machucá-la! — A voz de Vincent era como gelo, trazendo o golpe final.

Aquela única frase despedaçou o que restava de mim.

Olhei para o homem à minha frente, e as lágrimas finalmente marejaram meus olhos.

Então, no mundo dele, mesmo que Isabella tivesse profanado a memória da minha mãe morta, eu não podia reagir.

— Vincent... — Minha voz tremeu. — Como você vai me “disciplinar” desta vez?

Vincent viu minhas lágrimas e, por um instante, sua determinação pareceu vacilar.

Mas logo sua expressão se endureceu novamente, mais fria do que nunca.

— Eu não consigo mais controlar você. — Vincent tirou o celular do bolso. — Marco, traga seus homens para a casa de leilões. Prendam Sophia por agressão.

Ao ouvir sua ordem fria, senti o último pedaço do meu coração ser arrancado.

Dez minutos depois, dois policiais uniformizados entraram.

— Srta. Sophia Romano, a senhora está presa por agressão qualificada. Por favor, venha conosco.

Não resisti. Estendi as mãos para as algemas.

Enquanto me levavam embora, olhei para trás pela última vez.

Vincent segurava Isabella, cuja mão agora estava mal enfaixada, e a consolava com doçura.

— Está tudo bem. Eu estou aqui. — Ele acariciava seus cabelos. — Ninguém nunca mais vai machucar você.

Isabella chorava em seus braços como uma pomba ferida.

E eu era arrastada como uma criminosa qualquer.

Centro de Detenção da Cidade de Nova York, Ala 7.

Era ali que mantinham mulheres em prisão preventiva por acusações leves.

Quando me empurraram para dentro da cela, algumas mulheres imponentes se aproximaram.

— Novata? Por que tá aqui? — A líder era uma mulher grande, de braços tatuados.

— Agressão. — Respondi simplesmente.

— Opa, uma foguetinha. — Ela sorriu, estalando os dedos. — Sabe como funcionam as coisas aqui? Novata paga taxa de proteção.

— Não tenho dinheiro.

— Sem dinheiro? — O semblante dela azedou. — Então vai ter que pagar de outro jeito.

Naquela noite, jogaram um balde de água gelada em cima de mim.

No dia seguinte, encontrei cacos de vidro misturados na comida.

No terceiro dia, começaram a me bater.

E toda vez, pouco antes de me encostar um dedo, a líder dizia a mesma frase:

— O chefe Vincent mandou te ensinar uma lição.

Então era isso.

Tudo isso vinha do próprio Vincent.

Ele não queria apenas me ver presa. Queria que eu fosse torturada lá dentro.

Três dias depois, fui solta.

Era meu último dia em Nova York.

Arrastei meu corpo machucado e coberto de hematomas para fora do centro de detenção. O sol estava tão forte que feria meus olhos.

Ao alcançar o portão, uma onda de tontura tomou conta de mim.

O mundo girou, e desabei no asfalto.

Quando acordei, estava em outro quarto de hospital familiar.

Vincent estava de pé ao lado da cama, com as mãos nos bolsos e a voz fria, distante.

— Aprendeu a lição dessa vez?
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