Quando cheguei ao café no horário combinado, Henrique já estava lá. Ele olhava pela janela, o rosto sério e pensativo, como alguém que já sabia exatamente o que precisava dizer.
  — Olá — falei ao me sentar à sua frente.
  — Cíntia — ele respondeu, educado, mas sem aquele calor que eu conhecia.
  O silêncio entre nós era quase palpável, pesado. Respirei fundo, reunindo coragem para falar.
  — Antes de tudo, eu queria te agradecer por ter vindo. Eu sei que… que as coisas ficaram confusas, e sinto muito pelo que aconteceu.
  Henrique inclinou levemente a cabeça, seus olhos encontrando os meus.
  — Confusas é uma forma de colocar — ele disse, a voz firme, mas sem hostilidade.
  Engoli em seco. Não seria fácil, mas ele tinha razão em me cobrar clareza.
  — O que você ouviu no ateliê não foi justo. Eu não queria que soasse daquele jeito.
  — E como deveria ter soado? — ele perguntou, direto, me desarmando.
  Por um momento, fiquei sem palavras. Não porque eu não soubesse o que sentia, mas