Melia não voltou pro harém. O quarto de Smaill parecia um santuário de pedra e silêncio: cortinas grossas, tapetes que abafavam os passos, uma janela com grades tão bem desenhadas que pareciam ornamento.
Ela estava deitada de lado, olhos entreabertos, o corpo pesado por dentro. Smaill ficava perto, como quem guarda troféu ao alcance da mão. Ele murmurava vez ou outra, a tocava, desenhava a marca recém queimada na pele com os dedos sem se importar se doeria em Melia.
— Sua resistencia é bonita — comentou em dado momento, quase distraído, sentando na beira da cama. — É forte, assim que a rainha de Obsidian deve, realmente ser. So preciso… Guiar sua força para o lugar certo.
A mão dele passou pelo cabelo dela, alisando como se estivesse tentando domar um animal selvagem. Outra vez, passou os dedos pelo contorno do rosto e roubou um beijo ávido e curto, não de carinho, de posse. Melia virou o rosto, mas estava lenta. Smaill sorriu de canto, satisfeito com o tanto que o veneno conseguia