O corredor que levava aos quartos do harém era iluminado por luzes baixas, candelabros que jogavam uma luz amarela por todo lado e deixava tudo ainda mais sensual. Smaill caminhava sem pressa, o casaco aberto, as tatuagens antigas subindo da clavícula como rios escuros. O cheiro metálico do mata-lobos estava no ar antes mesmo de ele empurrar a porta.
Melia estava caída de lado, semi-enrolada num tecido fino, a pele fria, o peito erguendo e descendo em intervalos lentos. A ampola vazia no chão ainda pingava. Um guarda na porta baixou a cabeça, evitando olhar o rosto dela por mais que um segundo.
— Está acordada? — Smaill perguntou sem olhar para ninguém.
— Ainda não, meu rei. A dose foi forte, como ordenou.
Smaill entrou, passou dois dedos pelo queixo da prateada e sentiu o pulso, que estava fraco, mas presente, então afastou uma mecha de cabelo do rosto dela, quase um carinho, quase um golpe.
— Preparem, agora. — Parou na soleira, e a frase seguinte veio como nota de um instrumento af