Horas antes
A floresta estava escura, a chuva caia tão alto que ela não ouvia quase nada mas Juno continuou andando mesmo assim. Queria sumir dali, fingir que nunca viu aquele beta na vida, juntar os caquinhos do seu coração e rejeitá-lo na manhã seguinte. Nem percebeu quando saiu do jardim. Só percebeu a chuva, fria e insistente, grudando na pele, lavando o sal que já escorria dos olhos. O peito doía num lugar que não tinha osso, a cabeça repetia o que não queria ver: a boca de Thalia colada na de Trash, a garrafa, duas taças.
Se lembrava dele falando que pensou em rejeitar ela logo depois de terem transado, de todo aquele discurso sobre a companheira perfeita que esperava.
“Aquela vadia deve ser perfeita pra ele mesmo!”, pensou os soluços altos se misturando com os trovões. “Guerreira, bonitona, respeitada aqui! No fim ele só tava me usando! Mas amanhã vou rejeitar esse infeliz e ir embora daqui!”
Ela andou, e andou, e andou. O som dos galhos estalando sob as botas dela se misturav