O carro deslizava pela estrada sob a luz forte do dia. O céu limpo, de um azul cristalino, contrastava cruelmente com o peso sufocante dentro do veículo. Para Bianca, parecia que o mundo lá fora seguia leve e indiferente, enquanto dentro do carro o ar estava denso, carregado de uma tempestade que ameaçava desabar a qualquer segundo.
Fernando dirigia em silêncio, os dedos rígidos no volante, o maxilar travado como se cada músculo do seu corpo estivesse em estado de alerta. Não desviava os olhos da estrada, mas Bianca podia sentir o turbilhão que girava por trás daqueles olhos azuis.
Ela apertava as mãos no colo, tentando controlar o tremor que insistia em denunciá-la. Abriu a boca duas, três vezes, mas fechou de novo, engolindo a urgência de perguntar o que diabos estava acontecendo. A cada quilômetro percorrido, ficava claro que qualquer palavra dela seria como uma fagulha jogada em um barril de pólvora.
O silêncio entre eles era quase palpável, um muro erguido pela fúria dele e pe