Jogou o copo vazio contra a parede, o estilhaço se espalhando pelo chão. Respirava com dificuldade, como um animal ferido.
Célia, muito preocupada com ele , se aproximou devagar, mas não tentou tocá-lo. Sabia que o filho estava em guerra consigo mesmo.
— Pense, Fernando… só pense. Antes que seja tarde demais.
E saiu da sala, deixando-o sozinho.
Fernando afundou na poltrona de couro, o ursinho de Valentina ainda sobre o balcão, olhando-o como um lembrete cruel do que ele podia estar perdendo. Passou as mãos pelo rosto, dividido entre a raiva e a dor, mas, no fundo, uma parte dele já sabia: estava se agarrando a uma mentira para não encarar o medo de perder a única mulher que amou de verdade..
Algumas semanas haviam se passado desde que Bianca deixara a mansão. O apartamento simples no subúrbio, apesar de pequeno, já começava a ganhar seu toque. Flores discretas no parapeito da janela, cortinas claras para deixar a luz entrar, e brinquedos espalhados pela sala davam a sensação