Grace

— Quem é ele e o que está fazendo aqui? — Ethan avançou até mim e agarrou meu braço com força.

Com brutalidade, ele me obrigou a sentar na cama e me sacudiu violentamente.

— Ele é o pai do bastardo que você perdeu?

— O quê?...

Meu coração se enrijeceu.

— Você estava querendo empurrar essa criança para mim, não é? Mas foi tola por pensar que eu acreditaria que você estava esperando um filho meu depois que o mundo inteiro viu que tipo de mulher você era! — Ele riu, sem humor. — Foi melhor mesmo que aquele bastardo tenha morrido!

Pá!

Dei um tapa na cara dele. Seus olhos mostraram confusão antes que a raiva tomasse conta.

— Como ousa?

— Chame meu filho assim mais uma vez e eu juro que te matarei, Ethan Calder! Vou passar por cima de você e mostrar o que acontece com quem mexe com o meu bebê! — Gritei, apontando o dedo trêmulo na cara dele.

Queria machucá-lo. Queria feri-lo como ele me feriu. Minhas mãos tremiam ao lado do corpo enquanto ele me encara, a confusão ainda visível nos olhos.

— Você?

— Cala a boca! — Berrei, socando seu peito com os punhos. — Cala essa boca estúpida, Ethan! Você é um idiota, um imbecil que acreditou naquela vadia chamada Lily e matou seu próprio filho.

Ele segurou meus braços e os empurrou com força contra o meu corpo.

— O que você disse?

Encarei-o de volta com o mesmo ódio.

— Você sabe muito bem! Você a merece! Um homem sem coração como você merece uma víbora como ela! Vocês se merecem. Espero que ela sugue até a última gota de você e te deixe morrer jogado na rua.

— Não ouse insultar Lily! Ela é sua irmã. Como você pode ser tão desrespeitosa com ela? — Ethan ficou em conflito, e sua voz denunciava o choque.

Ele claramente não esperava que eu revidasse assim. Devia estar esperando que eu chorasse e implorasse para que ele acreditasse que o bebê era dele.

Que ironia!

Toda a minha devoção foi para o inferno depois que ele viu algumas fotos manipuladas. Mas eu nem me surpreendi com isso.

O que me surpreendeu foi que... eu terminei. Não senti mais nada ao olhar para ele, exceto uma lembrança que não parava de se repetir na minha cabeça.

Ele me empurrou. Ele causou o aborto. Ele me deixou para morrer.

Sussurrei entre dentes cerrados:

— Irmã?

— Grace...

— Ela não é nada para mim. E você, Ethan Calder, é menos que nada! Parabéns, conseguiu! Odeio você. Odeio você com cada fibra do meu ser. Traga o acordo de divórcio agora mesmo para que eu possa me libertar de um lixo como você. — Soltei minhas mãos das dele e o empurrei no peito.

— Você vai assinar o divórcio? — Seus olhos se contraíram. — Isso é um truque para me fazer mudar de ideia?

Não consegui evitar a risada. Ele queria o divórcio antes, mas agora, em vez de correr atrás disso, fica perguntando se é uma piada. Que idiota!

— Você matou seu filho, Ethan. — Sussurrei, sentindo a dor explodir no peito mais uma vez. — Seu filho, entendeu, homem estúpido? Depois do que você fez, acha mesmo que quero ter qualquer ligação com você?

— O que aconteceu foi uma infelicidade, Grace. Mas não culpe mais Ethan, por favor. A culpa foi minha. — Lily entrou às pressas no quarto e agarrou o braço de Ethan. — Além disso, você dormiu com tantos homens... como podemos ter certeza de que era realmente filho do Ethan?

— Sim, a culpa é sua. Então chore em outro lugar. Tire essa cara imunda da minha frente! — Gritei, recebendo um olhar de choque dela.

Ela também não esperava aquilo, embora devesse ter previsto o resultado. Dessa vez, eles conseguiram, e a Grace que conheciam morreu junto com a criança que assassinaram.

Eu não suportava mais aquele rosto repulsivo. Instintivamente, peguei o vaso na mesinha ao lado e o arremessei em sua direção.

Sem surpresa, Ethan pôs-se na frente dela e o vaso acertou suas costas antes de se estilhaçar. Ele encolheu-se, agora sabendo o que era ser atingido por um vaso.

— Como ousa, Grace? Perdeu a cabeça? — Ethan rugiu, perdendo a calma de sempre.

— Perdi a cabeça? — Ri sem humor. — Deixe-me mostrar como é realmente perder a cabeça!

Empurrei o cobertor e saltei da cama. Não me importei com a dor e decidi mostrar a eles o que significava zombar de uma mãe destruída.

Acham mesmo que podem andar por aí com orgulho depois de me trair, matar meu filho e arruinar minha vida? Estão vivendo num sonho e agora era hora de acordar.

Peguei a bandeja da mesinha ao lado e a arremessei em direção a eles. Lily gritou e correu feito louca enquanto Ethan abria os braços para protegê-la.

— Grace!

— Que herói você foi! Quando seu filho estava morrendo, onde você esteve?! — Berrei, agarrando outras coisas.

Só conseguia ver vermelho. Arremessava objeto após objeto. Ethan gritava, Lily chorava, mas eu não conseguia parar. Queria destruí-los e precisava de algo para amenizar aquela dor no peito, aquela perda que consumia todo o meu ser.

Ethan rangeu os dentes e veio em minha direção, furioso. Sua mão agarrou meu queixo como havia feito na noite anterior, quase quebrando-o.

Mas, em vez de aceitar aquilo como ele esperava, dei outro tapa nele. Seu rosto virou-se para o lado e a confusão deu lugar a puro horror.

— Acha que estou louca? — Ri de forma cruel. — Deixe-me mostrar com toda clareza, Ethan!

Seus braços tentaram me conter, mas meu ódio não tinha limites. Arranhei seu rosto e seu pescoço e bati em tudo o que conseguia alcançar.

— O que está fazendo com a paciente?! — Um médico entrou correndo, tentando nos separar.

As enfermeiras vieram atrás, tentando me segurar enquanto eu chutava e socava aquele desgraçado.

— Acalme-se, senhorita, ou vamos ter que sedá-la. — Alertou o médico.

Eu me acalmei e encarei os rostos horrorizados deles.

— Agora vocês sabem o que é loucura. Mas não se surpreendam ainda. Depois de hoje, receberão uma apresentação completa. Toda vez que aparecerem com essas caras nojentas na minha frente, arrancarei pedaços de vocês!

Lily tremeu, agarrada ao lado de Ethan, que parecia ter saído de uma guerra. O rosto, o pescoço e as mãos dele estavam ensanguentados.

A dor deles me satisfazia, mas eu sabia que isso não traria meu bebê de volta porque nada poderia trazê-lo de volta. Minhas mãos tremiam ao lado do corpo enquanto eu pensava na dura realidade e as lágrimas voltaram a se acumular nos meus olhos.

— Que cena emocionante. — Comentou uma voz rouca ao fundo.

Eu havia me esquecido de Tristin. Libertei-me da enfermeira e respirei fundo, tentando me acalmar.

— Sr. Roberto...

— Tristin. — Lily engasgou, o rosto tomado pelo terror.

— Você não mudou nada, Lily. — A voz de Tristin era puro gelo.

— Você... O que está... — O olhar de Lily alternava entre mim e ele.

— Você o conhece? — Ethan franziu a testa.

— Ele... Ele é só alguém que eu conheço. — Lily engoliu seco.

— Agora se recusa a me reconhecer. Fico triste, cunhada. — Murmurou Tristin, deixando-me completamente chocada.