Angel
Subi o elevador com o crachá novo pendurado no pescoço e o coração batendo forte como se fosse o primeiro dia de aula — e de certa forma, era.
Não havia mais Carolina me esperando com planilhas maquiadas e sorriso falso.
Agora era outro andar, outra área, outro universo.
Marketing.
Pela primeira vez desde que tudo desabou, a carta, os gritos, a confusão da identidade, eu sentia algo diferente no peito. Era curiosidade.
A porta do elevador deslizou para o lado e, no instante em que eu pisei no carpete cinza-ardósia, fui envolvida por uma atmosfera totalmente diferente: paredes cruas de cimento queimado pontilhadas por quadros de arte contemporânea, luminárias que pingavam luz amarelada e uma playlist de jazz suave que pairava no ar. O clique dos meus sapatos ecoou pelo corredor até que três pares de olhos se fixaram em mim, quase em sincronia.
O primeiro que se aproximou foi um homem alto, com ombros largos que preenchiam perfeitamente o terno azul-marinho. Seu sorriso era fácil