Boa o Bastante

Angel

Era só o refeitório da empresa. Um salão branco demais, com mesas metálicas e fila de self-service que parecia um episódio morno de algum reality de culinária.

Mas pra mim… Hoje, aquele lugar parecia um sinal claro de que as coisas estavam mudando.

— Você não vai sobreviver à Figueiredo se não aprender o caminho certo até o arroz fresquinho — disse Rafael, já equilibrando o prato com uma mão e apontando com a outra como se fosse um guia de campo.

Bia revirou os olhos, pegando só uma salada colorida e um café preto.

— Ele sempre exagera. É só arroz. Não é uma arte milenar.

— Você diz isso porque não viu o arroz de ontem — rebateu ele, teatral. — Aquilo era crime contra a humanidade.

Eu ria, tentando acompanhar o ritmo dos dois.

Igor caminhava ao meu lado, bandeja em mãos, explicando as piadas internas e me apontando os grupos no refeitório como se fosse um zoológico corporativo.

— A mesa do jurídico ali. Evita. Eles têm uma competição silenciosa de quem come mais devagar e julga
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