Mundo de ficçãoIniciar sessãoO silêncio que caiu sobre a floresta era pesado demais para ser natural.
As folhas não balançavam. O vento não soprava. O ar estava imóvel — como se a noite inteira aguardasse o próximo movimento. Alex ficou parado à frente de Luiza, o corpo em postura de ataque. Cada músculo dele parecia prestes a explodir. O rubi nos olhos queimava tão forte que iluminava sutilmente a pele dele sob a lua. — Alex… — Luiza sussurrou — ele realmente está aqui? — Sim — respondeu ele, sem desviar o olhar da escuridão entre as árvores. — Eu sinto o cheiro. Sangue antigo. Frio. Doce demais para ser humano. Luiza engoliu seco. — E por que ele não aparece? — Porque é covarde — rosnou Alex. — Vampiros adoram observar antes de atacar. Calculam cada passo. Nunca mostram o rosto até terem certeza de que podem conseguir o que querem. Luiza sentiu a espinha arrepiar. Não porque temia Lucas… mas porque algo nele a tinha intrigado profundamente. Ao contrário de Alex, que queimava como fogo, Lucas emanava um tipo de calma gélida, quase hipnótica. E ela odiava admitir… mas parte dela queria vê-lo de novo. — Alex… — começou, hesitante — ele disse que quer me proteger. Alex se virou tão rápido que Luiza se assustou. — Não ouse acreditar nisso. O tom dele era metade raiva, metade… medo. Medo por ela. — Ele quer você por um motivo — Alex continuou. — Vampiros não se aproximam de humanos sem intenção. E quando a intenção é você… Ele respirou fundo, tentando se controlar. — Eu não vou deixar que ele te leve. Um arrepio percorreu o corpo de Luiza — não de medo, mas de algo quente, quase doloroso. A forma como Alex a olhava a deixava sem ar. Como se ela fosse o centro do mundo dele. Como se perder uma única respiração dela fosse o suficiente para destruí-lo. — Eu não sou um objeto pra ser levado — ela retrucou, mais firme do que esperava. Os olhos de Alex suavizaram por um instante. O caramelo apareceu por baixo do rubi, brilhante com algo que era quase… carinho. — Eu sei. — Ele se aproximou devagar. — Mas você é importante demais para ser deixada sem proteção. Para mim… e para a maldição. Ela sentiu um nó na garganta. — Eu não pedi nada disso, Alex. Ele tocou o rosto dela. — Eu sei. — A voz dele saiu mais baixa, mais humana. — Mas eu pedi por você. A lua ouviu meu chamado muito antes de eu querer aceitar. Os dedos dele deslizaram pela linha da mandíbula dela, e o toque acendeu algo quente demais sob sua pele. — Você me assusta, Alex — ela admitiu, a voz trêmula. Ele sorriu de um jeito triste. — Eu também me assusto com você. Um estalo ecoou entre as árvores. Alex girou o corpo na hora, colocando Luiza atrás de si novamente. — Continue falando com ela — uma voz suave disse, surgindo na escuridão. — Isso me ajuda a entender onde posso acertar. Luiza estremeceu. Lucas surgiu das sombras como se a noite o moldasse. Caminhou devagar, elegante, sem pressa. A luz da lua refletia em sua pele pálida, e seus olhos azuis brilhavam intensos e perigosos. — Lucas — Alex rosnou. — Dê mais um passo e eu arranco sua cabeça. — Sempre tão agressivo — Lucas respondeu, erguendo as mãos como se fosse inocente. — Você deveria cuidar da sua maldição antes de se preocupar comigo. O rubi nos olhos de Alex brilhou com força. Luiza sentiu a tensão dele triplicar. Lucas sorriu… para ela. — Luiza. — A voz dele saiu suave, quase íntima. — Eu estava preocupado. Alex praticamente explodiu. Ele avançou um passo, e a terra tremeu. Lucas ergueu as sobrancelhas, mas não recuou. — Eu não quero lutar — disse o vampiro. — Por enquanto. Quero apenas conversar com ela. — Você não vai se aproximar dela nunca mais — Alex rosnou. — Ela decide isso. Não você. — Lucas olhou diretamente para os olhos de Luiza. — Você quer falar comigo, Luiza? O coração dela perdeu o ritmo. Alex se virou para ela, o rubi queimando como fogo vivo. — Não responda — disse ele, baixo, quase suplicando. — Ele vai tentar manipular você. Ele é perigoso. Lucas sorriu, divertido. — Todos somos perigosos, Alfa. Luiza fechou os olhos por um segundo. Estava dividida. Lucas a intrigava, a atraía de um jeito frio, racional e intelectual. Alex… Alex a incendiava. Mexia com o corpo, com o instinto, com algo primitivo nela. Mas ela precisava de respostas. — Eu quero ouvir o que ele tem a dizer — Luiza disse, finalmente. O silêncio caiu. Alex parecia ter levado um golpe no peito. — Luiza — ele sussurrou, chocado. Lucas sorriu devagar, satisfeito. — Eu prometo que não chego mais perto do que isso — disse ele. — Por enquanto. Alex soltou um rosnado tão profundo que a lua pareceu estremecer. — Isso é loucura! — Alex murmurou, encarando Luiza como se ela estivesse se aproximando de um precipício. — Eu sinto quando ele mente. E ele está mentindo agora. Lucas arqueou as sobrancelhas. — Não estou mentindo. Não hoje. — O que você quer com ela? — Alex exigiu, a voz cortada por fúria contida. Lucas olhou para Luiza como se estivesse olhando para algo precioso. — Quero que ela desperte. Quero que ela saiba quem realmente é. E quero que ela tenha escolha. Luiza abriu os olhos com choque. — Escolha? — ela repetiu, a voz fraca. Lucas sorriu, suave. — Entre ser consumida pela maldição dele… Ou encontrar seu poder… comigo. Alex avançou num salto — rápido, brutal — e a floresta explodiu em movimento. Luiza gritou. E a guerra entre lobo e vampiro começou.






