A madrugada já se assentara sobre Crestview com uma brisa quente que anunciava o pleno verão. As ruas ao redor do Oblivion Lounge estavam desertas — talvez pelo resfriamento repentino da noite —, iluminadas apenas pela luz alaranjada dos postes, que projetavam sombras longas sobre o asfalto.
Emilia deixou o clube ao fim do turno, sentindo o cansaço acumulado em cada fibra do corpo — bem maior do que em outras noites, depois da visita inesperada de Alexander aos vestiários.
Passara todo o serviço ruminando a proposta dele para que ficasse com ele. Embora compreendesse a necessidade de um lugar seguro, no fundo sentia uma resistência quase patológica à ideia de conviver mais do que o estritamente necessário com Sidorov.
“Não posso depender dele,” pensou, frustrada. “Não posso me arriscar a me apegar a esse homem. Não posso.”
As luzes de néon da placa do clube apagaram-se atrás dela, sinal inequívoco de que a noite de trabalho chegara ao fim. Encarar a rua escura a deixou paralisada. De