ORION DOMINUS.
Glória é o nome bonito do que apodrece por dentro.
Poderia descrever a poeira que inalamos e que parece nunca sair dos pulmões, a sensação de pescoço ardendo ao respirar o cheiro metálico do sangue, as mãos escorregadias dos que tentam se levantar e não conseguem. Mas ninguém aqui reunido realmente quer ouvir isso. Eles querem apenas a versão bonita e polida, a narrativa heroica e conveniente. Querem acreditar fervorosamente que a guerra é um grande palco teatral onde homens como eu brilham sob holofotes imaginários, não o matadouro sangrento que realmente é.
Deixo que falem, que riam estridentemente, que encostem em mim com familiaridade não solicitada. Uma delas — uma morena de olhos escuros e lábios pintados de vermelho — acaba sentando-se sem qualquer cerimônia no meu colo, as mãos quentes pousando no meu ombro como se fosse íntima, como se tivesse algum direito adquirido sobre meu corpo. O perfume que exala é doce e enjoativo; há um toque de álcool no ar ao redor d