LAIKA
Ouvi um ruído difuso ao meu redor, mas estava fraca demais até para erguer as pálpebras. Permanecia consciente e, ao mesmo tempo, como se tivesse apagado por dentro. Sabia apenas que me encontrava em uma carroça e que alguém me conduzia para lugar incerto — galhos de árvores riscavam meu campo de visão, turvo e vacilante. Vozes sussurravam ecos de um passado distante, muitas delas falando ao mesmo tempo, indistintas. Cada sacolejo do galopar do cavalo parecia estilhaçar meus ossos, como se tivessem sido fragmentados por um machado, e meu corpo se negava a suportar peso algum.
Então, as palavras de Khalid ressurgiram na minha mente, vívidas e ameaçadoras. Meu espírito berrava por ação, mas o corpo permanecia paralisado. Karim me advertira para nunca usar meus poderes antes de dominá-los por completo, sob pena de consumirem minha essência — desconhecia a extensão da força de Khalid, mas estava disposta a arriscar tudo para devorá-lo com minha própria magia. Eu sabia que Karim busca