Expulsão

Assim que a senhora Palmer estacionou o carro em frente ao portão principal do Colégio Valdevez, ela se deparou com uma discussão entre algumas amigas e a senhora Silveira, a mãe do Anderson.

— Calma senhoras, não estamos aqui para julgar quem é o culpado. — salientou a senhora Palmer após se colocar ao lado de Janice.

— Diz isso porquê não é a sua filha que foi agredida por um nordestino estúpido. — uma das mães proferiu ríspida.

— Em primeiro lugar, lave a sua boca para falar do meu filho e segundo ele só estava se defendendo dos seus filhos delinquentes. — Janice replicou com o dedo apontado para a mãe de Philip.

A discussão só não agravou por conta da intervenção da senhora Palmer que se colocou no meio delas.

— Essa discussão é uma perda de tempo, pois os nossos filhos precisam da nossa ajuda e como líder dos pais eu ordeno que todos cessem com essa discussão estúpida.

— Vai mandar na sua mãe. — Janice respondeu ao se distanciar dos pais dos alunos. Samara apressou os passos para alcançar a mãe de Anderson.

— Janice, por favor espere. — Samara a impediu de prosseguir ao virar o corpo de Janice pelo o ombro.

— O que é? A humilhação que ele está passando ainda é pouco para você?

— Humilhação? Do que está falando?

— Pergunta a sua filhinha, na certa ela sabe bem mais que todos juntos.

No instante em que a senhora Palmer tentava descobrir o que havia acontecido com Anderson, ela ficou no meio do caminho para atender mais uma ligação da filha.

— Mãe, cadê a senhora? — Samanta perguntou no pátio.

— Já estou no colégio, nos encontramos no corredor principal, certo? — entre cada palavra a senhora Palmer respirava fundo na tentativa de manter o controle diante a situação agravante.

— Sim, mas não demora muito. —respondeu a filha.

— Filha, o que aconteceu por aqui? E você está bem? — a senhora Palmer perguntou ao passo em que comprimia o corpo franzino da filha.

— Nada, só me abraça. — Samanta afundou o rosto sob a barriga da mãe, tudo que ela mais desejava era sumir para bem longe e de todos que pudesse fazer lembrar da culpa de humilhar o único garoto que o maior erro a qual havia cometido foi ter confiado demais nas pessoas erradas. Na medida em que elas caminhavam em direção a saída, ambas ouviram os comentários das senhoras que passaram em relação a Anderson.

— O que foi que o Anderson fez? — Samara perguntou às senhoras que a encarou assustada.

— Então, a sua filha não contou? — uma das senhoras perguntou, porém a filha a puxou pelo braço antes que a senhora Pinheiro, mãe de um dos amigos do Philip desse com os dentes.

— Samanta Lemos Palmer o que a senhorita está escondendo de mim? — a mãe perguntou a medida em que elas caminhavam em direção a entrada principal do colégio.

Enquanto a senhora Palmer tentava descobrir o que havia acontecido no colégio Alencar, a mãe de Anderson a todo custo defendia o filho das acusações do senhor Machado, o pai de Phillip e também o pai mais rico, ao qual a cada mês doa uma alta quantia para o colégio.

— Então, senhor Freitas quais medidas cabíveis irá tomar, porquê o que esse indeliquente fez...

A mãe interrompeu a pergunta do pai que estava sentado tranquilamente na poltrona em frente a mesa do diretor Freitas, ao contrário de Janice que balançava o pé sem cessar, receosa em que o filho fosse acusado injustamente.

— Senhora, por favor deixe o senhor Joaquim falar. — pediu o diretor educadamente. O senhor Freitas se encantou com a beleza da nordestina desde o momento em que ela surgiu na escola para ingressar o filho no colégio Alencar.

Após uma discussão para determinar uma solução mediante a situação, a presidente majoritária juntamente com alguns conselheiros que na oportunidade se encontravam na instituição adentraram a sala, de imediato a mulher que trajava um smoking azul turquesa brilhante e os cabelos presos em um coque exigiu que o diretor Freitas se retirasse, pois ela mesma resolveria a situação, os argumentos do diretor para contestar que não havia necessidades para intervenção não foram suficientes.

— Diretor Freitas acredito que tenha entendido perfeitamente quando mencionei que não haveria necessidade da sua presença neste assunto. — mencionou rigorosamente a presidente.

— Sim, senhora.

Antes de deixar a diretoria o diretor pediu desculpa bem baixinho olhando dentro dos olhos avelãs da mãe de Anderson, a mulher que desde o início havia se tornado a dona dos seus pensamentos, porém a respeitava por ser casada.

— Honestamente, o seu filho demorou para causar os problemas que eu já sabia que ele causaria. — mencionou a presidente acomodada na poltrona do diretor, os cotovelos estavam apoiados sob a mesa e as mãos estavam entreleçadas em frente ao rosto.

— Aposto o quanto está aliviada mais uma vez esconder o seu racismo e xenofobia através da exclusão, porque desde a matrícula a senhora sempre se colocou contra a entrada do meu filho nesta instituição...

O senhor Machado até tentou interromper, mas foi silenciado pela voz firme e enfurecida da nordestina.

— Por isso, eu vou arcar por todo dano que o meu filho causou a esta instituição, e que a partir de hoje nenhum dos meus filhos irá fazer parte deste lugar. — acrescentou Janice diante do olhar incrédulo da diretora.

Dito isso, ela ajeitou a bolsa no ombro e seguiu para fora da sala juntamente ao filho, ambos se depararam com a Samara e a filha o que surpreendeu a senhora Palmer em vê- lo completamente sujo e as mãos manchadas de sangue.

— Meu querido, o que foi que aconteceu com você? — Samara perguntou ao se aproximar de Anderson comovida com o estado físico dele, no entanto ele manteve o rosto sob o corpo da mãe.

— Precisamos ir. — a senhora Silveira respondeu ríspida.

— Nós podemos fazer alguma coisa por vocês?

— Sim, só tem uma coisa que podem fazer. — Anderson mencionou fitando os olhos sobre a mãe de Samanta. — Mantenha a sua filha o mais longe de mim... Vamos mãe. — exigiu Anderson ignorando as palavras da senhora Palmer. Janice cedeu ao pedido do filho, afinal de contas, ela desconfiava das boas intenções de Samantha desde o primeiro instante em que a garota havia se aproximado do filho.

— Anderson! — Samara gritou umas três vezes o nome dele, porém ele prosseguiu o caminho sem dar o mínimo de atenção a ela.

— Mãe, deixa ele...

Samara encarou a filha com uma das sobrancelhas arqueadas receosa em acreditar que a sua filha estivesse envolvida em algo grave contra o Anderson.

— Fala garota, o que fez para o Anderson?

— Foi os garotos do time que fizeram um trote com ele. — Samanta respondeu oscilando o olhar entre a mãe e o chão.

— E você fez alguma coisa para ajudá- lo, certo?

Samanta permaneceu em silêncio o que causou um certo desconforto na mãe.

— Vamos, garota. Estou esperando.

— Mãe, podemos conversar sobre isso mais tarde?

— Tudo bem, vamos.

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