Desilusão

Logo depois que Anderson entregou uma das bebidas a Samanta ele perguntou sobre a Cabana da Pegação, uma antiga enfermaria do colégio Alencar que se encontrava abandonada após várias invasões de animais silvestres, e por conta das câmeras de seguranças os dois precisariam ir pelo o túnel.

Em meio ao trajeto Samanta

se escondeu atrás dele após sentir algo passar pelo os pés.

Não precisa ter medo de uma simples lagartixa. — ele comentou aos risos.

— Não é medo, seu bobo. — replicou Samanta revirando os olhos.

— A não? Então você não vai se importar com um bando de ratos...

— Ratos? — ela perguntou após abraçá-lo fortemente.

— Anderson, você é um idiota. —contestou Samanta ao perceber que se tratava de uma pegadinha dele que tentava conter os risos.

— Sou é? — os dois continuavam abraçados, ambos um encarando ao outro. — Melhor irmos antes que fique tarde. — ele comentou cortando o clima entre eles.

—Tem razão, já estamos quase perto da cabana. — respondeu Samanta, instantes depois ela segurou o pulso o fazendo encara-la.

— Se não quiser ir, vou entender. — mencionou Anderson com o sotaque nordestino.

Samanta abriu e fechou a boca inúmeras vezes, estava bastante apreensiva.

— Não, eu gosto de ficar com você! — ela mencionou sem hesitação, pois era a mais pura verdade. Até se aproximar do Anderson nunca tinha encontrado uma amizade tão pura e verdadeira com alguém.

Durante o trajeto até à cabana os dois conversavam sobre os planos para o futuro, e por mais que ambos tivessem personalidades distintas, eles compartilhavam o mesmo sonho em seguirem a carreira na medicina. Samantha se divertia tanto com a maturidade e ao mesmo tempo espontaneidade de Anderson que desejava parar no tempo somente para curtir uma hora a mais com ele antes que chegassem na cabana da Pegação. Quanto ela mais o conhecia, mais percebia que Anderson não era como a maioria dos garotos que ela conhece que quando não estava a comemorar um gol, estava difamando mais uma garota que pegou. E ao chegarem em frente a cabana, ele teve uma surpresa em tanto ao ver o time inteiro, todos seguravam uma bexiga cheia nas mãos. Desapontado o garoto olhou para a Samantha sem querer acreditar que tudo se tratava de um trote.

— Me perdoe, Anderson. Eu realmente não queria fazer isso com você. — disse Samanta se afastando dele.

Em seguida todos os garotos lançaram bexigas cheias de lama sobre ele. Depois que a garotada esvaziaram as mãos, o mesmo que tinha sugerido para Anderson levar a Samanta para a cabana, foi o mesmo ao tirar inúmeras fotos dele já deitado sobre o chão com o corpo inteiro de barro.

— Isso é o que você recebe por querer ser um de nós, você não passa de um nordestino negro e imbecil. — todos riram de maneira unânime ao passo em que ele tentava se proteger dos chutes dados pela a maioria dos garotos.

Contudo, por diversas vezes, Anderson implorava que eles parassem, no entanto, só cessaram as agressões com um barulho estranho vindo da floresta próxima a cabana. Todos saíram imediatamente deixando Anderson para trás.

Na medida em que Anderson se erguia com dificuldades do chão, Samanta permanecia sentada sobre o chão do banheiro, ela chorava de soluçar com as mãos sobre o rosto, arrependida em ter aceitado a proposta das amigas simplesmente para entrar no grupinho delas. E no chão do banheiro, ao ouvir passos e vozes, Samanta controlou o choro, ela percebeu a satisfação e prazer que uma das amigas comentou o quanto estava feliz pelo o time inteiro ter colocado o "nordestino" no lugar dele.

— E devemos tudo isso a Samanta Palmer. — a garota comentou.

— Tadinho do nordestino... Os garotos nem esperaram ele aproveitar alguns minutinhos a mais com aquela vadia.

— Credo, Jéssica. Não fale assim da nossa vadia, beijar aquela boca deve ser pior que beijar um sapo. — uma garota replicou.

— Eca, garota você fala cada coisa. — Jéssica falava ao passo em que ajeitava os cabelos.

Depois que percebeu o silêncio no banheiro Samanta envolveu os braços nas pernas com a cabeça apoiada nos joelhos e por várias vezes repetia para si mesmo as palavras de Anderson, que dizia para ela toda as vezes em que fracassava nas provas de Matemática.

— Eu sou boa e nada vai me abater.

Após se passarem alguns minutos, Samanta saiu do banheiro com o único propósito de corrigir os seus erros. Contudo, ao passar pelo salão principal a cena que ela viu demoraria muito tempo para apagar da mente, todos olhavam atônitos para o Anderson totalmente sujo e cheio de hematomas encher o Phillip de porradas, ele parecia tão transtornado que nenhum dos colegas se atreveram a tirá-lo de cima do amigo.

— Anderson, pará com isso, por favor. — Samanta suplicava conforme puxava o terno dele. — Você não é assim.

— Eu deveria perceber que uma garota como você não valia a pena... — Anderson respondeu tomando o celular da mão de Philip apagando todas as fotos do trote.

— E vocês, mexeram com o nordestino errado, seus imbecis.

Quando os seguranças do colégio apareceram a pedido de algum dos alunos, encontraram o garoto desacordado sobre o chão com o rosto todo ensaguentado. Anderson permaneceu em pé de punhos fechados manchados de sangue.

— Alguém deseja ainda curtir com a minha cara? — ele perguntou antes que fosse levado violentamente por um dos seguranças.

— Você vai se arrepender pela a sua atitude, seu negrinho imundo. — ele pronunciou jogando sobre o chão da sala de detenção.

O segurança se retirou depois que trancou a porta. Na medida em que o garoto desacordado era socorrido por umas das enfermeiras, Samanta telefonava para mãe, e ainda aflita pedia a todo custo que ela viesse o mais rápido possível para o colégio. Por mais que a senhora Palmer questionasse o motivo da voz tão embargada e angustiante da filha, a garota não encontrava palavras capazes de explicar a gravidade do assunto. Sendo assim, Samara confirmou que em poucos minutos chegaria na escola.

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