A chuva caía pesada sobre o asfalto, transformando a estrada em um trajeto trêmulo de luzes vermelhas e azuis. Dentro da ambulância, o cheiro de combustível e metal molhado misturava-se ao som insistente da sirene. O socorrista Leandro, um profissional conhecido entre os colegas por fazer piadas até em meio ao caos, segurava o rádio com uma das mãos enquanto ajustava o curativo da vítima inconsciente.
— Central, aqui é a Alfa 23 — anunciou, com um sorriso cansado no canto da boca. — Solicito linha com o Hospital St. Mônica e, se não for pedir muito, um café forte na recepção. A noite tá longa demais pra ser vivida com sono.
O rádio chiou, e uma voz feminina respondeu com clareza e firmeza cirúrgica:
— Hospital Municipal, residente chefe Samanta Palmer na escuta. Pode prosseguir, Alfa 23.
Leadro soltou um suspiro de alívio.
— Ah, doutora Palmer! Sempre bom ouvir a voz mais séria do turno noturno. Seguinte: colisão de picape com tronco de árvore. Estrada molhada, visibilidade zero.
— Qu