Auriel
O cais nas Terras-Baixas está com uma espessa neblina, tão densa que parece se enroscar nas pernas e nos tornozelos, subindo em redemoinhos preguiçosos enquanto avançamos. O cheiro de peixe e mar impregna nossas narinas com um odor muito forte, salgado, pesado, um aroma que gruda na garganta e no fundo da língua, insistente, como se o próprio ar estivesse encharcado de maresia e escamas velhas.
Os barcos balançam com as ondas que se quebram em seus cascos, rangendo baixo, cordas estalam, mastros tremem, e a água escura bate com constância, criando um ritmo estranho, quase hipnótico, que só aumenta a sensação de que estamos entrando em um lugar perigoso e imprevisível.
“Eu não sei velejar,” sussurro preocupada. Minha voz sai pequena, quase engolida pela neblina, carregada de ansiedade.
Meu coração aperta, a respiração fica um pouco mais curta, porque a ideia de estar em alto-mar sem saber o que fazer me dá um medo real, palpável, uma inquietação que se instala no estômago como