Auriel
A dor me atinge primeiro do que a noção do causador dela. Ela vem como um impacto bruto, um estouro interno que me paralisa por um instante, como se todo o meu corpo congelasse ao redor desse único ponto incandescente.
A bala me acerta na costela, impedindo-me de sequer gritar com a dor, me roubando o ar nos pulmões. O choque é tão forte que meu peito se fecha, minha respiração falha e eu só consigo abrir a boca em um suspiro mudo, os olhos arregalados, procurando desesperadamente por fôlego.
Me agarro com mais força aos pelos macios do Thorne transformado, meus dedos se entrelaçando de forma quase desesperada na pelagem quente, como se ele fosse a única âncora que me impede de despencar completamente no abismo da dor.
Ele corre com mais afinco para dentro da floresta e os sons de tiros vão ficando para trás. Sinto o corpo dele se mover debaixo de mim com força, cada impulso das patas contra o chão reverberando através da ferida, como se o impacto se espalhasse pela costela at