O tio Ceo do meu namorado
O tio Ceo do meu namorado
Por: Grazie Almeida
não tenho certeza, mas é necessário.

─ Querida, pense mais uma vez, podemos dar um jeito. ─ A voz baixa da minha avó continuava insistindo.

─ Eu já pensei, vó! ─ Respondi enquanto passava por ela.

─ Querida, todo mundo fala mal desse homem. Eu tenho medo. Ele parece ser o próprio diabo! ─ Ela se benzeu. ─ Foca nos seus estudos, espera uma oportunidade melhor.

Eu respirei fundo, desistindo de me olhar no espelho e caminhando até a minha avó. A senhora baixinha, dos cabelos grisalhos, estava apenas preocupada com o meu futuro. Mesmo não sendo uma idosa fragil, ela ainda era idosa, não precisava arrumar mais preocupações do que já tinha.

─ Vovó. ─ Segurei suas mãos entre às minhas. ─ É apenas uma vaga como secretária. Irei fazer a entrevista pois precisamos do dinheiro. Se a senhora tivesse me contado antes que o restaurante não vai bem, se tivesse me consultado antes de pegar o empréstimo... ─ Fechei os olhos. Não era hora de fazer ela se sentir culpada. ─ Eu preciso ir e fazer o meu melhor para ficar com a vaga, caso contrário, não conseguirei continuar estudando. E também, eu não tenho medo dele. Homem nenhum me assusta com suas caras de rabugentos.

Sorri tentando tranquiliza-la e ela respirou fundo, desistindo de tentar me convencer. E essa era uma boa opção, pois não tínhamos outra saída.

Usando uma calça Caqui de alfaiataria, uma camisa branca, justa e manga longa, eu cheguei na empresa. O prédio de três andares, com vidros pretos espelhados, era elegante demais para o restante da paisagem. Aquilo se destacava tão bem que chamava atenção da melhor forma possível. Claramente devia dizer algo sobre a personalidade do Sr. Cooper. Ele era um homem elegante e moderno? Ou sombrio demais para não se encaixar com o restante?

Bom, isso com certeza não é da minha conta.

Balancei a cabeça afastando os pensamentos e segui para dentro da empresa.

Cheguei no terceiro andar após passar pela recepção. Alí em cima, a claridade natural entrava facilmente. Respirei fundo, sentindo o cheiro suave de produtos de limpeza. Havia um espaço de descanso, logo depois do elevador, com poltronas e sofás. Me reuni em um sofá bege com outras mulheres. Provavelmente eram as outras candidatas.

─ 1, 2, 3, 4, 5... ─ Uma mulher chegou nos contando, enquanto segurava um Tablet na mão. ─ Bom, estão todas aqui. Eu sou Melissa Benner, a antiga secretária, farei a entrevista de vocês.

Eu olhei a mulher de cima a baixo, discretamente, claro. Ela era um pouco mais velha. Seus cabelos cacheados estavam um pouco amassados, sua olheira estava profunda e com um tom leve de roxo, ela parecia cansada e seu sorriso parecia forçado. Coitada, trabalhar nessa empresa não lhe fez bem, ela parecia estar tendo um problema no circuito. Observar a Melissa, seria como me olhar no espelho daqui a alguns meses caso eu ganhasse a vaga. Eu não tenho certeza se é esse o futuro que quero para mim, mas é necessário no momento.

─ Bom, faremos uma dinâmica. Já li o currículo de todas vocês, e farei as perguntas para todas, ou para uma específica, me respondam com sinceridade e sejam vocês mesmas, não quero contratar um robô, já lidarão com um amanhã. ─ Ela fechou a boca no mesmo instante, se dando conta do que havia acabado de falar.

Mas enquanto ela se castigava mentalmente, todas nós ríamos.

─ Eu gostaria muito de conseguir a vaga, mas sem precisar lidar com ele. Por acaso, não podemos trabalhar em home office? ─ Perguntei curiosa.

Melissa riu timidamente.

─ Acredite, ele ainda ia fazer você querer se matar dentro da sua própria casa. ─ Ela disse.

─ Céus! Quem colocou esse homem no mundo? Sua mãe devia pagar uma boa indenização para a humanidade. ─ Eu comentei, ouvindo a risada das minhas colegas.

─ Com licença. ─ A mulher sentada na ponta do sofá falou pela primeira vez. ─ Você o conhece? ─ Essa pergunta foi para mim.

Eu dei de ombros antes de responder.

─ Não pessoalmente. Sendo sincera, nunca o vi nem por foto. Mas tenho um amigo que trabalha aqui como estagiário. Diz que ele é até bonito, mas é tão chato e controlador que acaba ficando feio. ─ Fiz cara de nojo. ─ Estou aqui porquê realmente estou precisando.

─ Parece que você tem uma opinião muito bem formada sobre o Sr. Cooper.

─ Uma voz masculina entrou no assunto.

Levantei os olhos, procurando pelo dono da voz grave.

O homem alto, de pele clara e cabelos loiros estava atrás da Melissa. Seus olhos eram desafiadores, ele passava uma energia intimidadora.

Eu arrumei a minha postura, erguendo o queixo.

─ É muito fácil ter uma opinião sobre alguém popular. Basta ver como ela trata as pessoas à sua volta.

Eu quase vi um sorriso no rosto dele.

─ E qual é a sua opinião sobre ele?

Entretida demais na conversa, doida para sair por cima. Não me atentei na Melissa congelada, tentando me mandar sinais de alerta. Também não me atentei na mulher ao meu lado, disfarçadamente, tentando me pedir para parar.

─ Eu acho que cada pessoa tem os seus motivos para o seu jeito de agir. ─ A mulher da ponta disse outra vez.

Mas o homem não olhou para ela, continuava me olhando. Esperando a minha resposta. E eu a dei.

─ Ele é arrogante. Controlador. Prepotente e acha que o mundo tem que girar ao seu redor. É apenas um riquinho que nasceu em um berço de ouro, acostumado desde criança a ter tudo na mão. E agora que é adulto, ainda acha que os outros tem que fazer a sua vontade. Ele usa o seu cargo e influência para isso. Não para liderar, apenas para botar em praticar o seu desejo enraizado de estar no controle.

Me senti aliviada após dizer tudo o que achava sobre o Sr. Cooper. Mas o silêncio que se instalou no Hall foi absurdo. Não tive coragem de olhar em volta. Tinha medo de desviar os olhos dele e perder algo importante, mas não precisei desviar. Ele levantou uma sobrancelha, me olhando de forma cética e Melissa tossiu, parecendo estar tentando tomar o controle de sua voz, acabei olhando para ela, que estava trêmula quando finalmente falou.

─ Meninas, deixe eu apresentar à vocês.

─Ela deu um passo para o lado, saindo da frente dele. ─ Esse é o-o Sr. Cooper. O futuro chefe de uma de vocês.

Sim, alí eu já entendi que não estava mais inclusa naquele "vocês".

─ Eu não entendo você, sério! Você caiu do berço quando criança? Eu pedi para você ter cuidado nessa entrevista! ─ Mike se controlava para não surtar comigo.

Após a minha entrevista desastrosa, sim, pelo menos eu pude continuar a entrevista e não fui expulsa pelos seguranças. Eu voltei para casa. Mas caramba! Por quê ninguém tentou me avisar que aquele cara, muito bonito, por sinal. Era o tal diabo em pessoa? Ele não tinha a cara do diabo no começo, talvez depois, depois que Melissa nos apresentou. Alí sim ele sorria tão maliciosamente que consegui visualizar facilmente o diabinho em seu ombro, rindo de mim também.

Temei com a minha avó para participar da entrevista, depois tive que voltar para casa e contar que eu não seria chamada.

Não contei o motivo, apenas disse que havia pessoas com currículos melhores. Ela não precisava saber dos detalhes, não mesmo.

No início da noite eu fui para a faculdade, contei toda a história para a Chloe e agora, em um café eu tinha que repetir a mesma história para o Mike. Sim, aquele meu amigo estagiário, minha fonte secreta das maldades do Sr. Cooper.

─ Pega leve, você sabe que ela não tem filtro. ─ Chloe comia uma fatia de bolo.

─ Ah claro, mas na hora de usar os do I*******m ela não vê problemas, não é? E agora, hm? Você perdeu uma ótima vaga.

─ Olha, se for para chegar no estado da Melissa, eu não perdi nada, apenas ganhei. Aquela coitada está acabada, ele sugou uns 10 anos da vida dela. Não sei como consegue abotoar a roupa, pois do cabelo ela já desistiu.

─ A Melissa tem medo dele. Ela era um ratinho assustado desde o começo e ele se aproveitou. A oportunidade seria boa para você, pois não deixaria as coisas chegarem a esse ponto, mas também, não era para você xingar ele em 10 idiomas diferentes, na cara dele! Todo mundo faz isso na área do café, deixasse para fazer no café, amiga! ─ Mike ainda estava  inconformado.

Eu suspirei. Eu não havia planejado nada disso, ele parecia estar me desafiando e eu me deixei cair na tentação.

─ Tudo bem, agora é só correr atrás de outra coisa. ─ tentei mudar o assunto, Mike sabia criticar muito bem quando tirava tempo para isso.

─ Você é latina, embora tenha as características claras, sabe que é um pouco difícil. ─ Chloe comentou enquanto comia.

Sério! Qual o problema dela? Passa a conversa inteira calada! Como se estivesse desinteressada de nós, e só abre a boca quando é para dificultar o assunto.

─ A empresa Cooper é ótima pois emprega estrangeiros sem preconceito algum. Coisa que não ocorre em muitas empresas por aqui e você sabe disso. ─ Mike continuava tendo oportunidade para me dar um sermão.

Eu joguei as mãos para o alto.

─ Eu já entendi! Eu pisei na bola, vacilei muito e agora perdi uma ótima oportunidade. A empresa é perfeita, o chefe eu poderia suportar, mas vamos seguir em frente por favor?

Eu agi sem pensar, agi por impulso no calor do momento. Infelizmente não pensei nas possibilidades, achei que ia falar alguma bobagem e todos iriam rir. Mas aparentemente, eu era a única ali que nunca tinha visto o rosto dele.

─ Aí amiga, me desculpa. ─ Mike segurou minha mão. Seus dedos finos e brancos estavam com anéis na cor de prata. Era um rapaz muito estiloso. ─ Não queria ter pegado pesado com você, você vai conseguir outra oportunidade, não fica chateada.

Eu assenti. Mesmo sabendo que Chloe estava certa. Coloquei currículos em centenas de empresas desde que fiz a maior idade. Apenas algumas me chamou para entrevistas, menos da metade me deu a vaga, e lá dentro era sempre difícil. Eram perguntas sem noção e preconceito velado. Por fim, passei para a faculdade e minha avó disse que eu poderia me dedicar apenas a isso, mas já se passou dois anos e as economias acabaram. Eu preciso desse emprego.

Já em casa, meu telefone tocou na minha bolsa.

Número desconhecido.

Atendi com relutância apenas para descobrir que era a Melissa.

─ Boa noite, Srt. López. Me perdoe pelo horário, mas, meus parabéns! Você passou na entrevista. Foi o Sr. Cooper que diretamente escolheu você. Você começa amanhã no mesmo horário da entrevista hoje, farei o treinamento na parte da manhã e a tarde você ficará por conta própria, parabéns outra vez.

O telefone escorregou da minha mão até cair em cima da cama. Aquilo não poderia ser real, podia? Ele me escolheu? Por quê?

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