Seus olhos azuis desafiadores fitavam-me. Ele sabia exatamente para o quê eu olhava e aguardava para ver se eu teria coragem de admitir.
Ben, você não me conhece, pensei.
— Estava reparando no seu corpo, desculpe a intromissão, mas essa camisa não está um pouco apertada para você dormir? — Fingi costume.
O canto de sua boca, bem desenhada, subiu em um discreto sorriso.
— Tão ousada quanto no dia em que bebeu o meu café — acusou ele.
— Você devia parar de me desafiar — ameacei.
— E você devia parar de brincar com fogo.
Eu ri.
— Fogo? Você está mais para um cubo de gelo ou um conjunto de engrenagens robóticas.
Suas sobrancelhas grossas se levantaram, descrentes.
— Já entendi. — O homem se afastou da mesa e sentou-se em sua cadeira, relaxado, com as pernas abertas. Os braços cruzados sobre o peito realçavam ainda mais na camisa.
Prendi a respiração. Maldito período fértil.
— Então, na sua narrativa, eu sou o vilão. Sou o chefe arrogante e frio — concluiu ele.
Meu Deus, é exatamente isso.