PENÉLOPE VERONESI
Ouvi barulhos suaves do canto de algum pardal-francês, o que me fez abrir os olhos lentamente para me acostumar com a vaga luz que invadia o quarto gélido. Era como se o próprio dia estivesse despertando, ainda relutante em dissipar a escuridão da noite.
A parede de vidro, parcialmente escondida por um grande conjunto de cortinas altas e azul-escuras, era adornada com gotas espessas de água e algumas folhas secas. Era curioso, pois não chovia lá fora, e o céu estava apenas parcialmente nublado.
— Porque me tirou da I.T.I?
— Porque aquele instituto era apenas uma fachada para esconder você de mim.
As palavras de ontem ecoaram na minha mente enquanto eu me levantava. A pergunta que havia feito a Ezra, a resposta dele. Tudo parecia ainda mais frio e complexo sob a luz do dia. Como alguém com um abraço tão reconfortante poderia pronunciar palavras tão duras?
Não podia negar que a situação de ontem havia sido desconcertante e humilhante. Foi a primeira vez que me permiti