O céu pintava-se de dourado quando Jacob estacionou o carro ao lado da trilha que levava ao mirante do Parque Florestal. Havia algo de mágico naquele entardecer: o ar fresco trazia cheiros de terra e folhas, e o canto distante dos pássaros criava uma trilha sonora suave. Larissa desceu do carro, ajeitando a calça jeans justa e a blusa de tricô que delineava suas curvas com simplicidade elegante. Os fios ruivos do cabelo refletiam os últimos raios de sol como candelas acesas.— Está linda — disse Jacob, com um sorriso contido, mas sincero.Ela ergueu o olhar, as bochechas rosadas.— Obrigada… o lugar é perfeito.Ele ofereceu o braço, e ela entrelaçou o dela, sentindo nos dedos a firmeza acolhedora. Começaram a caminhar pela trilha de terra batida, imóveis apenas para permitir que o momento se enraizasse.— Eu sempre gostei de parques — confessou Larissa, a voz suave enchendo o ar de nostalgia. — Mas há tanto tempo não vinha a um que quase esqueci como era respirar assim…Jacob parou p
Depois de deixar Larissa em casa, Jacob estacionou em frente à cafeteria discreta e de vitrine iluminada, entrou e avistou Roberto sentado em uma das mesas altas, já folheando umas pastas. A luz quente do interior contrastava com o frio da noite lá fora. Quando Jacob se aproximou, Roberto levantou os olhos, ajeitou os óculos e ofereceu-lhe um sorriso contido.— Boa noite, Jacob — saudou o detetive, fechando a pasta com um leve estalar. — Tenho duas notícias para você.Jacob franziu o cenho e rebateu, sem disfarçar a gravidade:— Pelo visto, as duas são péssimas.Roberto inclinou a cabeça, confirmando:— Sim. Vim aqui antes de reportar qualquer coisa à sua mãe, como você pediu. Quero ter sua orientação sobre o que devo dizer a ela primeiro.Jacob se acomodou na cadeira em frente e perguntou, frio:— Primeiro: o que minha mãe queria exatamente?— Ela está convencida de que seu pai está a traindo novamente — respondeu Roberto, pousando as mãos sobre a mesa.O silêncio pairou por um insta
O sol mal havia se levantado quando Larissa despertou naquela manhã de domingo. Mesmo com o coração em festa pelo piquenique encantador com Jacob, havia algo ainda mais especial naquele dia: ele disse que tinha um pedido especial para aquela noite.Larissa se pegou várias vezes olhando para o celular, esperando alguma mensagem. O tempo parecia mais lento naquele dia. Após o almoço, quando finalmente decidiu descansar um pouco no sofá, o telefone tocou.— Alô? — disse ela, erguendo-se.Do outro lado da linha, a voz serena de Willian a surpreendeu.— Boa tarde, Larissa. Desculpe incomodá-la no domingo, mas... eu gostaria de vê-la, se estiver disponível. Que tal um café hoje à tarde?Ela sorriu, genuinamente feliz com o convite inesperado.— Claro, senhor Willian. Vai ser um prazer. Nos encontramos na mesma cafeteria?— Sim, às quatro. Estarei lá esperando.O céu já ganhava tons dourados quando Larissa chegou à cafeteria. Willian a esperava em uma mesa externa, com uma xícara de chá e um
A noite já repousava sobre a cidade como um manto de veludo, cobrindo ruas e prédios com um silêncio sereno, interrompido apenas pelo ocasional sussurro do vento ou pelo farfalhar das folhas nas árvores. Era uma noite calma — mas não para Larissa.Dentro de seu apartamento, ela andava de um lado para o outro, a respiração ligeiramente acelerada e o coração batendo mais forte do que o normal. Ainda sentia a vibração da última ligação de Jacob ecoando em sua mente. Ele havia sido misterioso, mas carinhoso, e usara palavras que a deixaram sem chão:— Quero que esteja pronta às oito. Esta noite… é especial.Essa frase ressoava como música e desafio ao mesmo tempo. Especial. A palavra podia significar tantas coisas. Larissa não sabia o que a esperava, mas algo em sua intuição dizia que seria uma noite para guardar na memória.Foi até o guarda-roupa com pressa, mas não com descuido. Seus dedos correram pelas peças penduradas até parar em um vestido que raramente usava — não por falta de von
Jacob estacionou suavemente diante de um restaurante cuja fachada reluzia em um discreto tom dourado. Havia algo naquele lugar — nas luzes baixas, na arquitetura clássica e moderna ao mesmo tempo — que denunciava exclusividade. Larissa, sentada ao seu lado, ergueu os olhos para a fachada iluminada e depois os voltou para Jacob, tentando decifrar o que, exatamente, estava acontecendo.O silêncio entre eles foi quebrado pelo som abafado de uma porta se abrindo. Um homem uniformizado, de postura impecável e semblante solene, saudou Jacob em um idioma estrangeiro que Larissa não conseguiu identificar de imediato. O tom era respeitoso, quase reverente, como se estivesse recebendo alguém importante. Em seguida, o mesmo funcionário contornou o carro e abriu a porta para ela com uma leve inclinação de cabeça.Jacob já estava fora do carro, parado à sua espera com um meio sorriso e o braço estendido em sua direção.— Me permite? — perguntou com uma gentileza que soava quase real demais para se
Larissa ainda sentia o coração vibrar como as cordas sensíveis de um violino recém-tocado. Sua mente se esforçava para acompanhar o que o coração já havia compreendido: ela havia dito sim. Três vezes. E aquele anel agora em seu dedo parecia pulsar como uma segunda pele, como se fizesse parte dela desde sempre, apenas esperando o momento certo para surgir.Jacob, com um brilho satisfeito nos olhos, observava cada detalhe da reação dela. O modo como ela olhava para a mão, como respirava fundo tentando conter as lágrimas, e o sorriso leve que escapava dos lábios como quem experimenta a primeira brisa de liberdade.Ele então quebrou o silêncio com a suavidade de quem sabe que está pisando em território sagrado.— Bom… — disse ele, a voz baixa, íntima, com aquele tom naturalmente sedutor — agora precisamos marcar um jantar com nossas famílias. Quero que conheça meus pais.Larissa ainda pairava entre o sonho e a realidade, mas ao ouvir as palavras dele, piscou algumas vezes e assentiu. Um p
Enquanto Jacob dirigia pelas ruas da cidade, os pensamentos giravam em torno de Larissa — de seu sorriso, seu perfume, o gosto do beijo dela, e aquela energia que parecia acender tudo ao redor quando ela estava perto.Ele sentia, com uma clareza quase assustadora, que aquela mulher não era apenas uma paixão passageira. Era um ponto de virada. E ele estava pronto para seguir o caminho que ela traçava.Na manhã seguinte, Jacob despertou com a mente ainda imersa nas lembranças da noite anterior. O perfume de Larissa, o calor de seu sorriso, a doçura do beijo compartilhado — tudo ainda pairava em seus sentidos como uma névoa encantadora da qual ele não queria se desvencilhar. Diferente de seus hábitos rígidos e meticulosos, naquele dia ele não saiu para a habitual corrida matinal no parque. Em vez disso, apressou-se em se vestir para o trabalho, permitindo que seus pensamentos permanecessem completamente voltados para o próximo encontro com Larissa, marcado para aquela noite.Seu foco, no
Sem perder tempo, Jacob deixou seu escritório e seguiu em passos decididos até a área gourmet, onde os novos líderes e funcionários já o aguardavam. Seu semblante era sereno, mas seu interior fervia com pensamentos que nada tinham a ver com o momento presente. Ainda assim, manteve a compostura. Reuniu os colaboradores em volta de si, fez uma breve, porém enfática, palestra. Sua voz, firme e segura, ecoou pelo ambiente moderno e elegante: — Quero agradecer pessoalmente a cada um de vocês pelo empenho, dedicação e pela lealdade a essa nova fase da nossa empresa. Grandes mudanças exigem grandes pessoas, e é exatamente isso que vejo diante de mim. Alguns rostos se iluminaram com sorrisos discretos, outros simplesmente assentiram, orgulhosos. Após algumas palavras de incentivo, Jacob serviu-se de um copo de suco e pegou um pequeno sanduíche — mais por cortesia do que por apetite —, fez questão de cumprimentar pessoalmente cada pessoa presente e, então, despediu-se com uma breve inclinaç