A noite chegou silenciosa, trazendo com ela um ar mais ameno e íntimo no loft de Maxwell. Camila e Vitória já haviam ido embora, deixando Bridget sozinha, finalmente podendo respirar um pouco depois de tanto caos. Ela se recostou no sofá com uma manta sobre as pernas e os olhos fixos na lareira acesa. O calor da madeira queimando, o estalo suave do fogo… tudo parecia contrastar com o que seu corpo ainda sentia — as dores, os roxos, o cansaço emocional.Maxwell entrou na sala com duas canecas de chá fumegante. Entregou uma a ela com um meio sorriso gentil, e então sentou-se ao lado.— O silêncio está melhor agora… — ele disse, olhando para o fogo.— Eu precisava disso… um pouco de paz.— Você merece mais que paz, Bridget. Você merece alguém que cuide de você com respeito… e amor.Bridget desviou o olhar, sentindo o coração apertar. A presença de Maxwell era sempre suave, mas naquele momento, havia algo diferente. Um calor no ar que não vinha apenas da lareira.Ela deu um gole no chá, h
As duas semanas no loft de Maxwell passaram rápido, mais rápido do que Bridget gostaria. Estar ali, cuidada, cercada pelo carinho dele e pelo apoio das amigas, havia sido como um bálsamo para as feridas que ela carregava — tanto no corpo quanto no coração. Mas o combinado era claro: ela deveria retornar à Mansão Miller para cumprir o acordo com sua avó Nívea. E, por mais que o medo ainda latejasse em sua alma, Bridget sabia que precisava ser forte. Naquela tarde, Maxwell a ajudou a colocar as malas no carro. Ele não dizia muito, mas o olhar dele falava por si: preocupação, saudade antecipada e uma pontinha de culpa por deixá-la voltar. — Tem certeza disso? — ele perguntou, encostado na porta do carro, antes de deixar que ela entrasse. Bridget sorriu, um sorriso sereno, mas ainda triste. — É só até o prazo terminar, Max. Eu prometo que vou me cuidar. Ele ajeitou uma mecha do cabelo dela atrás da orelha, o toque leve, cheio de carinho. — Qualquer coisa… Qualquer coisa mesmo, é só
Assim que a sobremesa foi servida e todos estavam distraídos conversando sobre trivialidades, Bridget discretamente se levantou da mesa.Ela precisava de ar.Saiu pela porta lateral que dava acesso ao imenso jardim da mansão Miller, onde o aroma suave das rosas e jasmins se misturava à brisa fresca da noite.As luzes externas, discretas e amareladas, desenhavam sombras longas no gramado impecavelmente cortado.Bridget caminhou devagar, abraçando a si mesma, sentindo o frescor da noite tocar sua pele.A tensão que havia pairado no jantar ainda pesava em seus ombros.Respirou fundo, tentando se acalmar.— Fugindo da selva, princesa? — disse uma voz suave às suas costas.Ela se virou e encontrou Maxwell encostado na moldura da porta, observando-a com aquele sorriso de canto que parecia enxergar sua alma.— Apenas... precisava de um pouco de ar. — Bridget respondeu com sinceridade, olhando para as estrelas que começavam a brilhar no céu limpo.Maxwell se aproximou devagar, respeitando o e
Bridget sentiu o peso daquelas últimas palavras pairando no ar como uma nuvem sufocante.Sem dizer mais nada, virou as costas, deixando tanto Andrew quanto Maxwell paralisados no jardim.Ela atravessou o salão da mansão com passos firmes e decididos, lutando contra as lágrimas que ameaçavam cair.Pegou seu celular e pediu um Uber sem avisar ninguém, apenas querendo desaparecer dali por algumas horas.O carro chegou rápido.Ela entrou, abaixou a cabeça e disse o nome de um bar discreto que conhecia na cidade, longe dos olhares curiosos da alta sociedade.Durante o trajeto, Bridget olhava pela janela, vendo as luzes da cidade borradas por seus olhos marejados.Tudo dentro dela parecia um turbilhão: raiva, tristeza, decepção… E um desejo desesperado de esquecer, ao menos por uma noite.Quando o carro estacionou em frente ao bar, ela respirou fundo e desceu.O local era acolhedor, iluminado por luzes amareladas e com uma música suave tocando ao fundo.Era frequentado por todo tipo de gent
Elizabeth falava ao telefone com Maxwell, enquanto Andrew, de braços cruzados, a encarava de perto, tentando ouvir cada palavra.— Sim, obrigada, Maxwell. Fico mais tranquila em saber que Bridget está segura com você... — disse ela com sinceridade, ignorando o olhar fulminante do filho.Ao desligar, Elizabeth virou-se para encarar Andrew, mas ele já estava visivelmente alterado.— Então é isso? — ele grunhiu, o maxilar travado. — Ela está com ele?Elizabeth suspirou, pousando o celular na mesa com cuidado.— Andrew, pelo amor de Deus... Bridget precisa de espaço. Ela está machucada. Maxwell só está cuidando dela.— Cuidando? — Andrew soltou uma risada amarga, as mãos fechadas em punhos ao lado do corpo. — Cuidando dela? É isso que você chama de roubar a minha mulher?Elizabeth franziu o cenho, confusa.— Andrew! — Elizabeth repreendeu, chocada com as palavras dele. — Bridget não é sua propriedade! E se você quer tê-la de volta, precisa começar entendendo isso!Andrew passou as mãos pe
Bridget segurou o olhar de Andrew por alguns segundos. Viu o pedido mudo nos olhos dele, mas também sentiu a dor pulsando em seu próprio peito, ainda fresca demais para ser ignorada.Respirando fundo, ela falou com calma:— Não agora, Andrew. — Sua voz soou firme, mas sem agressividade. — Eu prometo que... quando eu voltar para a mansão, a gente conversa.Andrew pareceu querer insistir, mas Bridget desviou o olhar, encerrando ali qualquer argumento. Maxwell ficou ao lado dela, imóvel como uma muralha silenciosa.Andrew soltou um suspiro pesado, passando as mãos pelo rosto antes de recuar.— Tudo bem — disse ele, a voz baixa e amarga. — Eu vou esperar.Então ele se virou e foi embora, cada passo ecoando na alma de Bridget.Maxwell fechou a porta sem dizer nada e, por alguns instantes, eles ficaram em silêncio, apenas respirando o ar carregado.Bridget se recompôs rapidamente.— Preciso focar no meu dia — murmurou, mais para si mesma.Maxwell sorriu de leve, apoiando a mão nas costas de
Quando terminaram de lanchar, Bridget e Callie permaneceram sentadas por mais alguns minutos, aproveitando o clima leve e a brisa agradável do jardim.O celular de Bridget, que estava silencioso sobre a mesa, vibrou de repente. Ela franziu o cenho ao ver que era um número desconhecido.Sentindo uma pontada de desconfiança, atendeu.— Alô? — disse, sua voz calma, mas atenta.Do outro lado da linha, silêncio.Ela esperou alguns segundos, pensando que talvez fosse uma ligação ruim ou até alguém tentando falar.— Quem está falando? — insistiu, sua expressão ficando séria.Nada.A ligação foi encerrada abruptamente, como se a pessoa do outro lado tivesse simplesmente desligado. Bridget permaneceu olhando para o celular em sua mão por alguns instantes, uma sensação incômoda crescendo dentro dela.Callie, percebendo a mudança no semblante de Bridget, perguntou preocupada:— Aconteceu alguma coisa?Bridget guardou o telefone na bolsa e forçou um sorriso.— Deve ter sido engano... — disse, ten
Bridget fechou a porta do quarto com um suspiro pesado.Aquela noite tinha sido insuportavelmente dolorosa.Ela sentia como se estivesse se forçando a ficar em uma casa onde seu coração só encontrava cicatrizes.Colocou a bolsa sobre a poltrona e caminhou até a janela, abrindo-a para deixar o ar fresco entrar.A brisa da noite acariciou sua pele, mas não levou embora o aperto que sentia no peito.Seu celular vibrou na cômoda.Ela caminhou até ele, curiosa.Número desconhecido.De novo.O coração de Bridget acelerou involuntariamente.Ela atendeu, levando o aparelho à orelha com cautela.— Alô?Silêncio.— Quem é? — insistiu, sua voz mais firme.Nada. Apenas o som abafado de uma respiração do outro lado da linha.Bridget desligou com um estremecer involuntário, sentindo uma sensação incômoda rastejar sob sua pele.Já era a segunda vez em poucos dias. Quem estaria fazendo isso?Tentando não se assustar ainda mais, ela trancou a porta do quarto e foi ao banheiro tomar um banho rápido, te