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Entre Lágrimas e Luxúria

— Qual foi, Zé ruela?

Atendi o celular que tocou umas três vezes, olhando o morro de cima. As casas tortas, umas no reboco, outras só no bloco cru, tudo empilhado. É feio, mas é meu.

— Chefe, escuta… teu problema tá na área.

Fiquei quieto, sem entender.

— Que problema, caralho? — Pergunto, o sangue já começa a esquentar.

— O porco… aquele que fez merda com tua irmã… tá rodando sozinho de viatura.

Por um segundo o ar faltou. Cerrei o punho até estalar os ossos.

— Sozinho?

— Sozinho, pô. Parceiro dele ficou doente ou tá de folga, sei lá. Tá rodando ali no acesso da Vila Alta, sentadão na viatura, ar-condicionado ligado, se achando.

Suspirei, passando a mão no rosto, a raiva queimando tudo por dentro.

— Tá certo. Vê se some daí, deixa o resto comigo.

Desliguei. O peito pesava como pedra.

Desci do comando com passos pesados, pistola reforçada na cintura. A raiva batia no peito como tambor. Era a hora. Andei pelos becos, cortando as vielas, até ver a viatura parada numa sombra, motor ligado, vidro aberto.

Ele me viu primeiro, apoiou o cotovelo na porta, mascando chiclete, com aquele sorriso torto.

— Olha quem chegou… — disse ele, levantando a cabeça, os olhos brilhando de deboche.

— Saí pra rodar hoje sozinho, foi? — falei seco, parando a uns dois metros dele, dedo no gatilho.

— É… parceiro folgou. Melhor, né? Fica mais… íntimo. — respondeu lento, rindo de canto.

Segurei mais firme a pistola, cada palavra dele me fazia ver a cara da minha irmã chorando.

— Tu tem noção do que fez? — cuspi as palavras, sentindo o ódio ferver.

Ele gargalhou. — Fiz? Moleque, tu acha que ela não queria? Aquela tua irmãzinha gemia, porra…

Senti o corpo gelar, a visão ficou vermelha.

— Cala tua boca, verme.

Ele esticou o braço, batendo com a palma no colete. — Vai atirar? Aqui? Vai desperdiçar bala comigo? Ela gostou, pô… pediu mais.

Dei um passo pra frente. — Ela tinha quinze, filha da puta!

Ele deu risada, cuspiu o chiclete longe. — E daí? Gostosa daquele jeito, quem resistia?

Sem pensar, ergui a pistola na altura do peito dele. O sorriso morreu só por um segundo.

— Vai meter o dedo mesmo? — ele provocou, abrindo os braços, peito exposto. — Bora ver se tu é homem ou só fala grosso.

— Tua última palavra, verme? — perguntei, a voz baixa, o coração disparado.

Ele arqueou a sobrancelha, balançou a cabeça, quase se divertindo: — Ela gemeu, otário. Foi a melhor buceta que já peguei.

Apertei o gatilho.

Um disparo, seco, direto no meio do peito. O colete segurou por meio segundo, mas eu não parei. Dois, três, quatro tiros. Cada vez que ele se dobrava, eu atirava de novo, até o corpo dele bater na porta da viatura e escorregar pro asfalto.

Aproximei, vendo ele tentar puxar o ar, os olhos arregalados, a boca suja de sangue tentando dizer algo.

— Fala agora, merda. Repete. — encostei a boca perto do ouvido dele, o cheiro de pólvora misturado com o sangue.

Ele só tossiu, arfando, e morreu olhando pra mim.

Fiquei parado, ouvindo o coração bater nos ouvidos. O sangue escorrendo, o corpo mole largado na calçada.

— Lado errado, seu merda. — O cheiro da chuva que caía pesado se misturava ao gosto amargo da minha raiva. Eu via o policial no chão, a cabeça aberta feito uma melancia podre. Senti um alívio doentio ao pisar na poça de sangue que se formava ao redor dele. Não era só vingança: era a lembrança da dor que ele me fez engolir, o gosto podre da humilhação que ele me obrigou a carregar. Cada chute no corpo dele era pra devolver um pouco da minha dignidade, mesmo que fosse tarde demais.

Quando o som surdo dos ossos quebrando morreu, restou só o silêncio e o corpo mole feito pano molhado. Eu cuspi em cima dele, querendo que o inferno fosse pouco pra pagar pelo que me fez.

Saí dali, voltando pro beco, sumindo na quebrada antes da polícia notar o silêncio do rádio dele. Então era isso? Era assim que se sentia depois de matar aquele desgraçado? Eu não sentia alívio nenhum, a minha irmã continuava do mesmo jeito em casa. 

Nada ia mudar, pelo menos naqueles dias. 

— Tô saindo do morro, vou esfriar a cabeça. — Disse avisando pra geral.

— Esfriar a cabeça? Sei, tu vai é atrás de boceta! — Meu parça falou, sem rodeios, eu ri, ele me conhecia bem. — Tô deixando um presunto pra vocês resolver o B.O, ninguém viu nada. — Digo.

Desliguei a chamada, joguei o celular no banco de trás. O morro tava tranquilo, depois dessa ninguém vai ter peito de mexer comigo, pelo menos por agora. Caminhei despreocupado até a boate, querendo aliviar o estresse do dia metendo pesado em qualquer mulher que aparecesse primeiro.

O asfalto cheirava a mijo e cerveja derramada, luzes piscando, som abafado lá dentro. Eu só queria afundar a cabeça em sexo, esquecer o gosto amargo do sangue que ainda tava no céu da boca.

Tô andando, sério, quando sinto o encontrão. Corpo quente, cheiro de perfume doce misturado com cachaça barata. Minha mão vai direto pro quadril dela, firme, quase automática.

Levanto o olhar. Mulher de estatura média, morena, cabelo liso, comprido, brilhante até na pouca luz. Vestido preto justo, marcando um corpo que não é de garota de programa de beira de estrada, é corpo de mulherão classe A. Peito firme, quadril largo, coxas grossas.

Só que a cara... tá acabada. Maquiagem toda borrada, olho preto escorrendo, boca sem batom. Parece mais um coringa do que a mulherão que é. Mas mesmo destruída, chama atenção de qualquer um.

— Ei! Tá cega, porra? — falo meio rindo, meio irritado, segurando ela mais forte quando tenta sair.

Ela b**e a mão na minha pistola. Olha séria, sem nem pedir desculpa. — Me solta! — a voz rouca, entre choro e raiva.

— Desculpa, conhece? — pergunto, ironizando. Ela levanta o rosto, os olhos verdes, inchados de chorar, me encaram. Tem dor ali, mas foda-se, cada um com seus problemas.

— Eu mandei me soltar! — ela fala mais alto, voz trêmula, nariz molhado, vermelho. Dou risada, putaço. Quem essa mulher pensa que é?

— Senhor, a boate tá fechada hoje, volte outro dia — diz o segurança, olhando desconfiado. Deve ter polícia lá dentro, ou rolo pesado. Só aceno, dando as costas.

A mulher some na multidão, andando meio tonta. Vou pro carro, paro na calçada. Vejo ela lá na frente, cambaleando. Um homem alto, branco, camisa social preta meio aberta, também bêbado, tenta puxar ela pelo braço. Deve ser o cliente, ou pior, marido, já vi muitos casos. 

— Um pedido de desculpas não ia quebrar tua boca, não! — falo, entrando no carro. Penso comigo: essas mulheres entram nessa vida porque querem. Querem luxo, vida fácil, depois reclamam.

De repente, ouço a porta do carro abrir do meu lado. Ela entra, senta sem nem olhar pra mim, os olhos inchados, soluçando.

— Desculpa, tá! — ela diz, chorando.

Fico olhando, sem entender. — Sai do meu carro, garota! — falo seco, mas vejo o babaca vindo, fechando a calça, com a cara de quem vai causar.

Ela vira pra mim, tremendo. — Moço, por favor… só me tira daqui… — diz num fio de voz, as lágrimas escorrendo pelo rosto moreno, borrando mais ainda a maquiagem.

Dou uma risada curta. — Tu tá maluca? Sai! — mas vejo que não tenho escolha. Melhor levar ela do que deixar aquele merda encostar de novo.

Arranco com o carro, derrapando no asfalto. O cara fica parado, puxando os próprios cabelos, puto. Engraçado, né? Falam do tráfico, do morro, mas ela preferiu ficar com um traficante armado e drogado do que voltar pra um deles.

— Quem era o cara? — pergunto, sem paciência. Ela só balança a cabeça, as mãos no rosto, soluçando.

Olho de canto: coxas grossas, pele lisinha, vestido meio levantado, cheiro forte de bebida e perfume. Corpo que deve valer uma grana. Nunca vi ela aqui, deve ser nova.

— Pra onde eu te levo, garota? — pergunto, mais calmo.

— Bairro Moreira… condomínio Aldriz — ela diz, voz rouca, quase morta.

E aí acontece. Nem vejo direito. Ela vira e cola a boca na minha. No começo resisto, mas é mulher demais. Cheiro de álcool, gosto amargo, mas porra… é muita mulher. Beijo pesado, língua quente, a mão dela gelada no meu pescoço.

De repente ela senta no meu colo, o vestido sobe, coxa grossa, a bunda redonda quase escapando da roupa. Meu pau endurece na hora. Ela parece não saber o que faz, mas me beija, morde meu lábio.

— Tá doidona, né? — pergunto, ofegante, a mão já no meio das pernas dela. 

Não disse nada. Só chegou perto, com o peito arfando e a boca entreaberta.

Eu a puxei com força, cravei os dedos na nuca dela e a beijei como quem morde. O gosto de sangue  misturou com o dela, quente, viva, faminta. As mãos dela foram direto pra minha cintura, puxando minha camisa, e eu a empurrei contra o banco.

O beijo virou briga, língua contra língua, dentes raspando, como se a gente quisesse devorar um ao outro. Minhas mãos apertaram as coxas dela até ela soltar um gemido rouco. Eu a puxei mais pra cima, fazendo ela enroscar as pernas na minha cintura, sentindo o calor dela mesmo por cima do jeans.

Ela me arranhou, as unhas deslizando pelo meu peito, e eu gostei da dor. Gostei tanto que empurrei a cabeça dela pro lado e mordi seu pescoço, forte o bastante pra deixar marca. Ela gemeu alto, sem vergonha.

O cheiro de sexo se misturou ao cheiro de sangue, deixando tudo mais sujo, mais urgente. Eu a segurei pela cintura e a movi contra mim, sentindo o calor dela pulsar. Ela arfava, quase gritando, as mãos puxando meu cabelo, arranhando minhas costas.

Era raiva, era tesão, era culpa, tudo misturado num nó que queimava por dentro. Cada vez que ela rebolava, eu queria mais, queria machucar, queria sentir o gosto do desespero dela e do meu.

Ela só fecha os olhos, o corpo mole, tremendo. Levo ela pro banco de trás, o carro balança.

Ela deita, sem reagir muito, só gemendo baixo. Subo o vestido até a cintura, vejo a calcinha preta, rasgo com a pressa.

— Caralho… olha esse corpo… — sussurro, pegando forte na cintura dela.

Viro ela de quatro, puxo o cabelo liso pra trás, a bunda grande, lisinha, marca a minha mão quando dou um tapa forte.

— Ah! — ela reclama, sem força, mas o gemido sai gostoso.

— Gostosa do caralho… — enfio nela de uma vez, apertada pra porra, quase gozo na hora.

Socadas fortes, a cabeça dela vai pra frente, ela segura no banco. Beijo o pescoço, mordo a orelha, o gosto amargo de álcool na boca dela, misturado com o suor dela e o meu.

— Tá com fome de pica, né, cachorra? — pergunto rouco no ouvido dela.

Ela só geme, quase desmaiada de chorar e tesão. Seguro firme, metendo com força. Sinto o gozo vindo, aviso quase sem fôlego: — Tô gozando, porra! — e deixo tudo lá dentro, quentão, escorrendo pela coxa dela.

Caio pro lado, respirando pesado. Ela fica apoiada com a testa no banco, ainda ofegante. Nem me olha. Vadia, gostosa do caralho!

— Se arruma aí, vou te deixar onde pediu — digo frio, puxando a calça.

— Bairro Moreira… — ela repete, quase num sussurro.

Assumo o volante, mais calmo, ainda com o gosto dela na boca. — Quer? — mostro o pino de cocaína. Ela balança a cabeça, assustada.

Dirijo até o condomínio, ela desce rápido, andando encolhida, como quem carrega o peso do mundo nas costas.

Fico olhando ela sumir na portaria, ligo o carro e volto pro morro, o sol já clareando as ruas.

Nem paguei ela, também… não fez quase nada, só abriu as pernas. Chego no cafofo, tiro a blusa suada, jogo no chão.

— Tudo na boa, chefe! — Leleo entra, me atualizando. Reunião cedo, os moleques falam do desfecho.

Vejo nas câmeras também, porque confiar mesmo… só em Deus.

Mas sei que hoje foi foda.

E amanhã, piora.

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