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Adeus, Tessália Ingênua

— Tess, Tess… — Afasto a mão dele assim que se aproxima, tento ajeitar minha roupa com uma mão só e empurro a dele quando tenta me tocar. Quando vejo que ele titubeia, simplesmente saio. Não consigo dizer nada, não agora. As lágrimas descem pelo meu rosto — isso é tão… tão nojento. Saio correndo do banheiro, atravessando a boate sem olhar para trás. Seja lá quem estiver aqui, agora nada e nem ninguém importa. Apenas corro.

— Tess? Tess! — Ouço vozes me chamando, gritos atrás de mim. Saio apressada até bater contra um peito forte. Um cheiro diferente invade meu nariz; mãos grandes me seguram firme pela cintura.

— Ei! — Uma voz firme soa perto do meu ouvido. Tento me desvencilhar, mas ele me segura ainda mais forte.

— Me solta! — digo entre lágrimas. Esperava tudo nesta noite, menos descobrir que minha melhor amiga de infância e meu namorado estavam me traindo.

— Desculpa, conhece? — Ergo a cabeça e vejo um homem alto, negro, de cabelos crespos, me olhando sério. Desvio o olhar e tento me soltar outra vez.

— Eu mandei me soltar! — Sai num grito sufocado, um berro de desespero. Mas ele apenas ri, zombando de mim.

— Senhor, a boate está fechada hoje, volte outro dia, por favor — diz o segurança. As mãos dele finalmente afrouxam, e eu saio andando sem saber para onde ir.

— Ei, um pedido de desculpas não iria… — Mal escuto o resto do que diz. Então ouço outra voz familiar:

— Tess! Tess? — Messias está vindo na minha direção. Olho para trás, assustada, e vejo o homem estranho indo até um carro preto. Sem pensar, corro até ele.

— Desculpa, tá? — digo, entrando no carro. Ele me olha, erguendo uma sobrancelha preta. Vejo uma tatuagem de boca em seu pescoço.

— Ei, não entra no meu carro, pô — ele reclama. Vejo uma arma preta, dinheiro espalhado, cigarro, até um saquinho com pó branco.

— Moço, por favor… só me tira daqui — imploro, chorando.

— Vaza do meu carro, garota! — diz sério. As lágrimas escorrem mais ainda; movo a mão para abrir a porta.

Não quero ouvir explicações, desculpas, não quero ver os dois me olhando. Não quero ouvir que foi “fraqueza”, “erro” ou “um momento”. Está doendo tanto. Nem em meus piores pesadelos imaginei isso. Então o carro arranca, em alta velocidade.

— Quem é o cara? — ele pergunta. Não respondo. Fecho os olhos, encosto no banco, continuo chorando. Quero me desligar do mundo, mas nada apaga essa dor.

— Pra onde eu te levo, garota? — pergunta, depois de um tempo.

— Bairro Moreira… condomínio Aldriz — digo, a voz falhando. O que eu fiz para merecer isso? Eu ia me casar, construir uma família… Ele ri fraco. Abro os olhos, vejo que é magro, mãos grandes, dedos tatuados. Não presto atenção aos detalhes; ele apareceu no pior momento. Não julguei.

— Não vou entrar no condomínio não, pô. Te deixo a uma quadra — fala sério. Me pergunto: será que pessoas boas sempre sofrem? Eu me guardei todo esse tempo… e pra quê?

— O que tá pegando? — ele pergunta.

Suspiro. Tô cansada de ser boazinha. Quero revidar. Olho nos olhos dele, ele balança a cabeça, esboça um sorriso fraco, dentes brancos. Sem pensar, me inclino e tomo sua boca num beijo. Sinto o bigode arranhando, o gosto quente dos lábios carnudos. Chupo o lábio inferior, quero que ele reaja.

— Ei, tá doida, pô? — ele me segura, surpreso. Não acredito que vai me recusar. Me viro no banco, sento no colo dele.

— Não quer? — pergunto, encarando. Ele suspira, me avalia.

— Não tava chor… — nem o deixo terminar. Cubro a boca dele de novo, o beijo fica mais bruto, língua dele áspera, grossa. Ele me puxa ainda mais pro colo. Me agarro, pensando só numa coisa: quero esquecer.

As mãos dele apertam minhas coxas, minhas nádegas. Penso: “Com um desconhecido vai ser melhor. Nunca mais vou ver. Nem ele a mim.” Uma voz dentro de mim grita que é loucura, mas não paro.

— Tem que encostar o carro, pô… melhor motel, não? — diz ele, ofegante.

— Não! — Nego, continuo. Quero me livrar da virgindade hoje mesmo.

Sinto o carro andando devagar. A mão dele puxa meu decote, sinto a boca quente no meu seio, chupando, mordiscando. Engulo em seco, arrepiada.

— Motel, porra! — ele ruge, rouco. Empurro a cabeça dele, quero mais. Ele continua, levanta meu vestido, puxa a calcinha de lado.

Tô indo longe demais, mas não paro. Abro a calça dele com as mãos trêmulas, ele termina de tirar. Sinto o dedo dele entrando em mim, um estalo na minha boca, a língua bruta, violenta.

E então, sem ver direito, sinto algo grosso me invadir. Abro a boca num gemido:

— Owwhh! Puta merda! — Me contorço, mas ele não para. Segura minha cintura, me faz subir e descer nele, rasgando tudo dentro de mim.

— Dá pra rebolar, porra? — diz ofegante, a voz rouca. Tento, mas ele assume o controle, me move como quer. Me beija, morde, me olha com uma fúria crua.

Ele me pega no colo, me leva pro banco de trás, me j**a ali sem cuidado. Sobe em cima de mim, me segura forte, estoca com força, pesado, olhando fixo, como se fosse guerra.

— Não costumo… — tento falar, mas não consigo terminar. Sinto ele latejando dentro de mim, veias saltando no pescoço dele, a respiração pesada. Suas mãos apertam minhas coxas, me forçam contra o banco.

Droga… o que eu fiz?

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