— Tess, Tess… — Afasto a mão dele assim que se aproxima, tento ajeitar minha roupa com uma mão só e empurro a dele quando tenta me tocar. Quando vejo que ele titubeia, simplesmente saio. Não consigo dizer nada, não agora. As lágrimas descem pelo meu rosto — isso é tão… tão nojento. Saio correndo do banheiro, atravessando a boate sem olhar para trás. Seja lá quem estiver aqui, agora nada e nem ninguém importa. Apenas corro.
— Tess? Tess! — Ouço vozes me chamando, gritos atrás de mim. Saio apressada até bater contra um peito forte. Um cheiro diferente invade meu nariz; mãos grandes me seguram firme pela cintura.
— Ei! — Uma voz firme soa perto do meu ouvido. Tento me desvencilhar, mas ele me segura ainda mais forte.
— Desculpa, conhece? — Ergo a cabeça e vejo um homem alto, negro, de cabelos crespos, me olhando sério. Desvio o olhar e tento me soltar outra vez.
— Ei, um pedido de desculpas não iria… — Mal escuto o resto do que diz. Então ouço outra voz familiar:
— Desculpa, tá? — digo, entrando no carro. Ele me olha, erguendo uma sobrancelha preta. Vejo uma tatuagem de boca em seu pescoço.
Não quero ouvir explicações, desculpas, não quero ver os dois me olhando. Não quero ouvir que foi “fraqueza”, “erro” ou “um momento”. Está doendo tanto. Nem em meus piores pesadelos imaginei isso. Então o carro arranca, em alta velocidade.
— Quem é o cara? — ele pergunta. Não respondo. Fecho os olhos, encosto no banco, continuo chorando. Quero me desligar do mundo, mas nada apaga essa dor.
— Pra onde eu te levo, garota? — pergunta, depois de um tempo.
— Não vou entrar no condomínio não, pô. Te deixo a uma quadra — fala sério. Me pergunto: será que pessoas boas sempre sofrem? Eu me guardei todo esse tempo… e pra quê?
— O que tá pegando? — ele pergunta.
Suspiro. Tô cansada de ser boazinha. Quero revidar. Olho nos olhos dele, ele balança a cabeça, esboça um sorriso fraco, dentes brancos. Sem pensar, me inclino e tomo sua boca num beijo. Sinto o bigode arranhando, o gosto quente dos lábios carnudos. Chupo o lábio inferior, quero que ele reaja.
— Ei, tá doida, pô? — ele me segura, surpreso. Não acredito que vai me recusar. Me viro no banco, sento no colo dele.
— Não tava chor… — nem o deixo terminar. Cubro a boca dele de novo, o beijo fica mais bruto, língua dele áspera, grossa. Ele me puxa ainda mais pro colo. Me agarro, pensando só numa coisa: quero esquecer.
As mãos dele apertam minhas coxas, minhas nádegas. Penso: “Com um desconhecido vai ser melhor. Nunca mais vou ver. Nem ele a mim.” Uma voz dentro de mim grita que é loucura, mas não paro.
— Tem que encostar o carro, pô… melhor motel, não? — diz ele, ofegante.
Sinto o carro andando devagar. A mão dele puxa meu decote, sinto a boca quente no meu seio, chupando, mordiscando. Engulo em seco, arrepiada.
Tô indo longe demais, mas não paro. Abro a calça dele com as mãos trêmulas, ele termina de tirar. Sinto o dedo dele entrando em mim, um estalo na minha boca, a língua bruta, violenta.
E então, sem ver direito, sinto algo grosso me invadir. Abro a boca num gemido:
— Dá pra rebolar, porra? — diz ofegante, a voz rouca. Tento, mas ele assume o controle, me move como quer. Me beija, morde, me olha com uma fúria crua.
Ele me pega no colo, me leva pro banco de trás, me j**a ali sem cuidado. Sobe em cima de mim, me segura forte, estoca com força, pesado, olhando fixo, como se fosse guerra.
— Não costumo… — tento falar, mas não consigo terminar. Sinto ele latejando dentro de mim, veias saltando no pescoço dele, a respiração pesada. Suas mãos apertam minhas coxas, me forçam contra o banco.