Amanhecer em Observação
Aria
A primeira luz do dia escorre pela fresta da janela como um fio de ouro pálido.
Está frio no quarto do hospital, mas o calor que vem do corpinho de Julian, agora deitado mais tranquilo na cama infantil, me aquece mais que qualquer cobertor.
A febre baixou. Os médicos disseram que a pior parte passou.
Mas não sei se acredito nisso.
Não no físico. A febre, sim, talvez tenha cedido. Mas o medo…
O medo ainda queima dentro de mim.
Abro os olhos devagar. Não sei em que momento adormeci, mas Alexandro ainda está ali, sentado ao meu lado, com os cotovelos apoiados nos joelhos e os olhos fixos em Julian.
Ele não se move há horas.
Nem reclamou.
Nem foi embora.
Isso me desconcerta.
— Você dormiu um pouco. Ele diz, sem olhar para mim.
— E você não. Sento-me devagar.
Sinto dores nas costas. Mais uma marca da maternidade, as cicatrizes invisíveis que nunca se curam por completo.
Ele apenas balança a cabeça, os olhos úmidos.
A tensão em seus ombros é tanta que c