Miranda cumpriu mais um dia de trabalho recebendo olhares de julgamento, deboche, com a rotina de limpeza e o cheiro de desinfetante marcando suas horas. O dia se arrastou, e o pensamento de Peterson, do cartão e do bilhete, persistia como um incômodo sutil, mas ela o manteve à distância. Ao final do expediente, ela pegou seu ônibus de sempre, misturando-se à multidão cansada que voltava para casa.
Ao virar a esquina da rua de sua casa, o coração de Miranda deu um pulo. Parado bem em frente à sua pequena moradia, havia um carro grande, utilitário, com um brilho de luxo que destoava completamente do ambiente. A cor preta e o tamanho imponente fizeram seu estômago gelar, pensou o óbvio, que era Peterson. Ela se aproximou, com o passo lento e hesitante, com a apreensão tomando conta. Já mentalizava as palavras que usaria para dispensá-lo mais uma vez, pronta para enfrentar a arrogância que sabia que viria.
A apreensão de Miranda se transformou em uma estranha mistura de surpresa e ironia