61. Sequestrada
Mallory
A dor foi a primeira coisa que senti.
Ela pulsava na lateral da minha cabeça, profunda e latejante, como se algo estivesse tentando partir meu crânio ao meio.
Soltei um gemido fraco, levando a mão ao local do impacto. Meus dedos encontraram fios de cabelo grudados com sangue seco, e quando os afastei para olhar, as pontas estavam manchadas de vermelho escuro.
Tentei respirar fundo, mas o ar estava denso, carregado de um cheiro metálico misturado ao mofo impregnado nas paredes.
Eu precisava entender onde estava.
Piscando contra a escuridão, forcei minha visão a se ajustar. A luz era quase inexistente, mas o suficiente para revelar paredes de concreto frio, sem janelas. O chão era de madeira antiga, desgastada e úmida.
Nada naquele lugar parecia familiar.
A inquietação se instalou na base da minha espinha, crescendo até se transformar em um peso sufocante no peito.
E então, eu tentei senti-la.
Minha loba.
Mas nada veio.
Meu coração disparou, batendo frenético contra as costelas.