A voz vazia
Stella Moratti
Um mês. Apenas trinta dias haviam se passado desde que Alexandre havia chegado ao nosso mundo, e o tempo parecia ter reescrito todas as regras da minha existência. O caos não tinha sumido; ele tinha sido simplesmente canalizado para os horários de mamadas e as trocas de fraldas. Mas era um caos doce, um inferno de amor.
Eu me acostumei ao meu novo eu. A estrategista que despachava advogados e arquitetava quedas corporativas agora era, primariamente, uma mãe. Meu corpo, que por meses foi uma arma na guerra de reputação, agora era um santuário.
Era uma manhã de sol. A luz de janeiro inundava o penthouse, transformando o mármore em ouro. Alexandre havia acordado com a fome voraz que o caracterizava. Eu estava sentada na poltrona do quarto, que agora cheirava a talco e lençóis limpos, e o embalava suavemente.
Ele estava completamente concentrado, os pequenos punhos cerrados, o som rítmico e urgente do seu sugamento era a melodia da minha nova vida. Eu o o