Os dias que se seguiram ao atentado contra Dona Lúcia foram um borrão de corredores de hospital, cheiro de antisséptico e uma angústia que pairava sobre Jessica como uma nuvem densa e escura. A mãe, após a transferência para o moderno hospital da capital providenciada por Luigi, recuperava-se lentamente. As fraturas eram dolorosas, os hematomas um lembrete constante da maldade humana, mas o espírito de Dona Lúcia, uma mulher simples do interior forjada na resiliência, permanecia inquebrável.

Jessica não arredava pé do lado dela. Velava seu sono, ajudava as enfermeiras com os cuidados básicos, contava histórias da mansão Calegari (omitindo, claro, os detalhes mais perigosos) e, acima de tudo, transmitia à mãe a certeza de que ela não estava sozinha. E, de fato, não estava.

Luigi Calegari era uma presença constante e surpreendentemente gentil naquele ambiente hospitalar. Desdobrava-se entre as urgências da Calegari Indústrias – agora sob o escrutínio de uma auditoria e os ataques incess