124. A exposição de Laura e as cores de um novo amor
O convite de Mestre Afonso foi a fagulha que acendeu um incêndio criativo em Laura Calegari. As semanas que antecederam a exposição coletiva na "Galeria do Aleijadinho" foram de uma imersão total e febril na arte. Seu pequeno estúdio em Ouro Preto, com o cheiro de tinta a óleo e terebintina pairando no ar, tornou-se seu santuário e seu campo de batalha. Ela pintava do amanhecer ao anoitecer, movida por uma energia que vinha da alma, da necessidade de provar a si mesma, e agora a um público, o valor de sua voz.
Mestre Afonso, com sua aparência de eremita e sua alma de poeta, tornou-se seu mentor improvável. Visitava seu estúdio sem avisar, observava as telas em silêncio por longos minutos, e então, com uma ou duas frases curtas e precisas, apontava uma falha na composição ou elogiava uma ousadia na paleta de cores. "Menos sentimentalismo, mais entranhas", ele dizia. "A beleza está na verdade da luz, não no enfeite da forma." Suas críticas eram duras, mas honestas, e empurravam Laura pa