Rahmi Pessoas podem ser extremamente irritantes, principalmente quando se chamam paparazzi. Esses parasitas parecem farejar minha localização onde quer que eu vá, como se eu carregasse um rastreador invisível. Hoje, não é diferente. Estou em um restaurante com minha família, tentando manter a compostura diante de uma mulher que não para de me encarar. Seus olhos me analisam com um brilho curioso e... ganancioso. Já sei bem o que ela está pensando. Será que nunca viu um homem antes? Ou será que está encantada com o meu dinheiro? Porque se ela se casar comigo, sua vida estará garantida para sempre. Quem não gostaria de ser a esposa do homem mais rico de Istambul? No entanto, essa realidade não me anima. Minha cabeça pulsa de dor, latejando em uma tortura constante. Preciso sair dali antes que minha paciência se esgote. — Com licença — murmuro, afastando a cadeira e indo até o banheiro. Do bolso interno do paletó, pego o analgésico e o engulo seco. Agora, esses comprimidos são
Rebeca Hoje, finalmente, vou cumprir minha promessa. Letícia duvidou de mim, achou que eu jamais teria coragem de confrontar aquele chefe insuportável, mas aqui estou eu, de folga, pronta para encará-lo. Ela pode achar exagero, mas é inaceitável ter relações no escritório a ponto de todos ouvirem. Quem em sã consciência faz isso? E pior, ela continua presa a esse homem, três anos de paixão silenciosa por um canalha que sequer nota seus sentimentos. Já dei todos os conselhos possíveis, já tentei fazê-la enxergar que existe um mundo inteiro de possibilidades lá fora, mas não adianta. Letícia se recusa a seguir em frente. É como se gostasse de se magoar, de alimentar esse amor impossível. O mais revoltante? Ela é linda, desejada, poderia ter qualquer um que quisesse. Mas não, seus olhos sempre voltam para o mesmo homem: Guilherme, o destruidor de corações. Um chefe sedutor, sim. Mas também desonesto e cruel. Eu, no lugar dela, jamais aceitaria ser tão ignorada. Mas Letícia é diferen
Rebeca A ansiedade me consumia enquanto aguardava na rodoviária Novo Rio. O relógio marcava três horas de espera, e a impaciência começava a me dominar. Meu coração pulsava acelerado, não apenas pela saudade, mas pela preocupação crescente com o atraso do ônibus. A cada minuto que passava, minha mente criava cenários dos mais simples aos mais catastróficos. O pior era a falta de informação. Funcionários despreparados, olhares indiferentes, respostas vagas. Eu já estava à beira de um ataque de nervos. Se meus pais não chegassem logo, eu faria um escândalo. E então, finalmente, vi o ônibus encostando na plataforma. Meu peito se encheu de alívio e emoção. Assim que as portas se abriram, meus olhos buscaram desesperadamente as duas figuras que tanto amo. E lá estavam eles. — Minha filha! — Meu pai desceu primeiro, exausto e emburrado, enquanto minha mãe vinha logo atrás, ajeitando os óculos e tentando se recompor. Antes mesmo que eu pudesse abraçá-los, meu pai disparou: — Rebeca, se
Rebeca Faz um tempo desde a última vez que meus pais vieram ao Rio. Aquele dia foi perfeito, o riso deles ainda ecoa na minha memória, e a felicidade que senti me aquece até agora. Mas, enquanto estou deitada, revivendo esses momentos, a realidade me chama. Preciso sair dessa cama e ir trabalhar, mesmo que a preguiça me prenda como uma âncora. Hoje é sábado. Pelo menos não preciso ir para a escola de arte, já que terminei o curso. Mais uma etapa concluída, mas e agora? Ainda não sei exatamente para onde estou indo, mas sei que preciso continuar. “Vamos lá, Rebeca, levanta” murmuro para mim mesma, tentando reunir forças. A preguiça gruda em mim como um amante insistente, mas não tenho escolha. Ainda tenho a faxina para fazer quando voltar, o que só piora minha falta de ânimo. Arrasto-me para o banheiro, decidindo que hoje meu cabelo ficará como está. Não quero complicações. A água quente me desperta um pouco, mas não o suficiente para apagar o nó de tensão no meu peito. Algo está
Camila O jogo de futebol brilha na tela da TV, mas minha paciência se apaga a cada segundo que Roberto ignora minha presença. Sentada ao lado dele, sinto que estou falando com as paredes. — Amor, será que você pode me ajudar com a Rebeca? Fala com ela para ir ao casamento do seu amigo. Ela morre de medo de avião, então talvez nem queira viajar para a Turquia — peço, tentando manter a calma. Nada. Nenhuma reação além de um aceno de cabeça vago, como se fosse apenas uma formalidade para me calar. — Roberto, dá para desligar essa droga de jogo e prestar atenção em mim? Por favor! Estou aqui falando com você e parece que nem liga! Ele pisca devagar, sem tirar os olhos da tela, e uma onda de frustração sobe pelo meu peito como um incêndio incontrolável. — Se é assim que vai ser depois de casados, então talvez seja melhor nem seguirmos com isso! — solto, sem pensar. Finalmente, ele me olha. Um olhar frio, calculado, que me faz engolir em seco. — Amor, você está exagerando. Por que e
Rebeca Meu coração martela tão forte contra o peito que parece que vai saltar pela boca. Estou prestes a embarcar e, sinceramente, acho que vou surtar. Já viajei de avião antes, mas nunca por tanto tempo. Treze horas no ar? Isso deveria ser classificado como tortura. E se algo acontecer? Se houver uma falha mecânica? Se o piloto passar mal? Se uma asa simplesmente decidir parar de funcionar? Cada possibilidade catastrófica passa pela minha mente como um filme de terror. Acho que sou masoquista, porque mesmo sabendo que não deveria, continuo me afundando nesses pensamentos apavorantes. Quem inventou o avião deveria ter pensado em algo melhor. Paraquedas para o avião todo, por exemplo. Algo inteligente, que se ativasse automaticamente em caso de queda. A tecnologia já faz tanta coisa absurda, por que não pode evitar um desastre aéreo? Seria um alívio para pessoas como eu, que têm pânico de voar. Tento respirar fundo e me distrair, mas até as séries que costumo assistir não e
Rebeca Depois de pegarmos as malas, seguimos para fora do aeroporto em busca de um táxi. Precisávamos de dois, já que minha mala sozinha ocupava praticamente todo o porta-malas de um carro. — Rebeca, para que você trouxe tanta coisa para passar apenas alguns dias? — Letícia implicou, levantando uma sobrancelha. — Como assim? É para usar, é lógico. Me deixem com as minhas coisas, tá? E se surgir um turco gato no casamento do amigo do Roberto? Vai que ele me convida para um passeio romântico… Camila suspirou. — Parece que o remédio realmente afetou os neurônios dela… — Você já tem um turco para pensar — Letícia acrescentou, me lançando um olhar significativo. Suspirei, cruzando os braços. — Eu não vou vê-lo. E, sinceramente, seria um alívio encontrar um substituto. A vida segue, minhas amigas. Não posso me dar ao luxo de ficar presa a um homem que não posso ter. Entramos no táxi, e a cada metro percorrido, meu encantamento só aumentava. As ruas, os edifícios, as luzes… Tudo par
Rebeca Já estava prestes a sair quando ouvi uma batida na porta. Camila me olhava com seus olhos azuis intensos, a testa levemente franzida em uma expressão curiosa. — Para onde você vai, ainda mais com essa saída de praia transparente? — perguntou, cruzando os braços. Revirei os olhos, dando uma volta rápida para que ela visse melhor. — Para o seu governo, essa saída de praia é bem comportada, tá? — retruquei, tentando parecer convencida. Ela riu, divertida. — Tá bom, super comportada! — Vamos para a piscina comigo, amiga? — Ah, eu vou dormir. Estou muito cansada... — resmungou. — Vocês cansam muito fácil! — Isso porque você dormiu a viagem inteira, né, dona Rebeca? Durante todo o trajeto, a gente não fechou o olho. — Problema de vocês — respondi com um sorriso travesso. — Já que não quer vir, vou dar um mergulho naquela piscina maravilhosa. Beijo, gata! Eu não vim para um hotel cinco estrelas para ficar presa no quarto. Só espero que a piscina esteja vazia para que eu po